14 de março de 2013

Siqueira Campos acusado de fazer acordo com Bicheiro Cachoeira



O governador Siqueira Campos (PSDB), recebeu dinheiro de Carlinhos Cachoeira na campanha e em troca iria lhe entregar a administração de todo o serviço de inspeção veicular no Tocantins. O acordo é denunciado pela Polícia Federal na interceptação de uma conversa entre o bicheiro e Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta Construções

Operação Monte Carlo
O governador do Tocantins, José Wilson Siqueira Campos (PSDB), é mais um dos políticos abençoados pelo dinheiro da organização criminosa chefiada por Carlinhos Cachoeira. No esquema da barganha, o bicheiro teria sob o seu comando obras e serviços importantes em todo o Estado.
Siqueira recebeu R$ 3 milhões da Construtora Rio Tocantins - CRT, cujo dono, o empresário Rossine Aires Guimarães, é apontado pela Polícia Federal como uma espécie de sócio de Cachoeira. Ele recebeu mais R$ 500 mil da empreiteira JM Terraplenagem e Construção, também ligada ao grupo do bicheiro.
O recebimento dos R$ 500 mil foi confirmado pelo próprio filho do Governador, o secretário das Relações Institucionais, Eduardo Siqueira Campos. Siqueirinha alega que a doação respeitou a legislação e foi depositada na conta do Comitê Único da campanha de Siqueira Campos. "Nenhuma empresa doa sem interesse", ensina Eduardo.
Nesse caso, o interesse do bicheiro era administrar todo o serviço de inspeção veicular no Tocantins, que deve ser implantado em breve. A troca de favores fica clara num telefonema onde o ex-diretor da Delta Construções, Cláudio Abreu, diz a Cachoeira: “Ele (Eduardo Siqueira) num mandou dar o negócio pra nós lá? a inspeção veicular? Só isso aí, a inspeção veicular do Tocantins, já mata”.
Cláudio Abreu ressalta a importância que é a organização criminosa administrar a inspeção veicular no Tocantins para acalmar Cachoeira, que na conversa se diz insatisfeito com Eduardo Siqueira. No diálogo, o bicheiro demonstra a sua preferência por Marcelo Miranda, no que é atalhado por Abreu: “O Siqueira também é bom para os nossos negócios”.
O bicheiro até fala em pegar de volta o dinheiro que jogou na campanha do tucano: Ele podia me devolver aqueles 500 lá. Mas agora ele vai pagar com aqueles trem (sic) lá... tá bom. To puto com aqueles 500 lá. Não quero nem ver aquele Eduardo”. Cláudio Abreu então lembra que a inspeção veicular é altamente lucrativa para a organização criminosa.


Empresa ligada ao bicheiro
recebe dinheiro do Governo
Siqueira Campos nega que tenha beneficiado empresa ligada a Carlinhos Cachoeira e diz que só encontrou o bicheiro uma vez, em 2010, quando teria sido apresentado a ele pelo ex-senador Ataídes de Oliveira (PSDB). Não é o que diz o relatório da Polícia Federal.
A PF afirma que Siqueira Campos já pagou R$ 19,1 milhões a Construtora Rio Tocantins, do empresário Rossini, apontado na Operação Monte Carlo como amigo e sócio de Cachoeira. Em 21 meses, o ex-governador Marcelo Miranda, também acusado de envolvimento com o bicheiro, pagou R$ 74,7 milhões a empreiteira.
A CRT é uma empresa privilegiada no Tocantins. De 2008 até o ano passado, ela embolsou R$ 234.444.617,62 dos cofres do Estado. Nos relatórios da PF a CRT é citada em várias ligações interceptadas e Cachoeira teria forte influência na construtora, que seria utilizada para negociar licitações favoráveis à Delta Construtora.
Numa das conversas interceptadas, no dia de 14 de junho de 2011, Gleyb Ferreira da Cruz, braço-direito da quadrilha, pergunta a Cachoeira se deve fechar um negócio pela Delta ou pela CRT. Cachoeira orienta que seja usada a empresa de Rossine. A PF, em um dos relatórios, aponta Rossine como um financiador de campanhas políticas.


Cachoeira pede ajuda para
Marcelo Miranda no STF
O grampo que interceptou o diálogo entre Carlinhos Cachoeira e Demóstenes Torres no dia 27 de abril do ano passado, revela o bicheiro pedindo ao senador para interferir na decisão do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal – STF, que julgava um recurso impetrado pelo ex-governador Marcelo Miranda (PMDB) para ocupar uma vaga no Senado. ele foi impedido de assumir o cargo por ter sido condenado por abuso de poder político na eleição de 2006
Repetindo o discurso de todos os acusados de envolvimento com o bicheiro, Marcelo Miranda nega ter pedido ajuda a Cachoeira ou a Demóstenes para ter sucesso no STF. “Estou surpreso de ver meu nome citado por essas pessoas”, diz ele. “Cachoeira, por exemplo, eu mal conheço, só o cumprimentei uma vez.”
Contudo, no telefonema Cachoeira é claro e objetivo quando fala com Demóstenes: “Doutor, o Marcelo Miranda, ele tem chance de assumir o Senado?” O senador responde que sim e pergunta se o bicheiro quer que ele ajude o ex-governador. Cachoeira, animado, diz: “Ah, era bom, pô! É cara nosso. Ele até te pediu. Você podia ligar pra ele. Ele até me chamou ontem, falou pra você dar uma força pra ele aí.
O ministro Fux reformulou sua decisão sobre a impugnação da candidatura ao Senado de Marcelo Miranda 10 dias depois de ter acatado recurso do peemedebista. Segundo relatório da PF, a quadrilha de Cachoeira queria Marcelo Miranda no Senado a fim de que ele servisse de ponte para o Palácio do Planalto.

(janelas)
O governo de Siqueira Campos já pagou R$ 19,1 milhões a CRT, empresa que, segundo a Polícia Federal, tem Carlinhos Cachoeira como sócio oculto

Eduardo Siqueira confirmou a imprensa que o pai recebeu R$ 500 mil da JM Terraplenagem e Construção como doação de campanha. A empreiteira, ligada ao grupo do bicheiro,iria administrar o serviço de inspeção veicular em todo o Estado

Grampo da PF revela que Cachoeira preferia negociar com Marcelo Miranda, no Tocantins. O bicheiro mandou o senador Demóstenes interferir em decisão do STF para que o peemedebista assumisse uma vaga no Senado


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