Operação Monte Carlo
O bicheiro Carlinhos Cachoeira recuperou com juros e correção monetária a taxas estratosféricas os R$ 4,3 milhões que injetou nas eleições de 2010 no Tocantins. De acordo com a Polícia Federal, a empresa CRT, ligada ao mafioso, já sugou R$ 234 milhões dos cofres do Estado através de contratos fraudados.
O bicheiro Carlinhos Cachoeira recuperou com juros e correção monetária a taxas estratosféricas os R$ 4,3 milhões que injetou nas eleições de 2010 no Tocantins. De acordo com a Polícia Federal, a empresa CRT, ligada ao mafioso, já sugou R$ 234 milhões dos cofres do Estado através de contratos fraudados.
As falcatruas ocorreram nos
governos dos peemedebistas Marcelo Miranda e Carlos Gaguim e do
tucano Siqueira Campos. O prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), também
é acusado de envolvimento com a quadrilha de Cachoeira. O petista
firmou seis contratos com a Delta Construtora, a preços
superfaturados – R$ 119 milhões –, a maioria deles sem
licitação.
O modus operandi de Carlinhos
Cachoeira no Tocantins é o mesmo que ele utilizou para colocar no
bolso o governo de Goiás e parte de seu secretariado: o bicheiro
jogou dinheiro nas campanhas políticas do três últimos
governadores e recuperou a grana quadruplicada via negócios
desonestos.
Segundo a Receita Federal, a
empresa CRT, ligada ao mafioso, “doou” R$ 1 milhão para a
campanha de Marcelo Miranda ao Senado, em 2010 – o dinheiro não
foi declarado pelo peemedebista – e R$ 4,3 milhões para a campanha
do PSDB no Tocantins. Em contra partida a CRT já recebeu R$ 234
milhões dos cofres do Estado.
De Marcelo Miranda a CRT embolsou
R$ 74,7 milhões, em apenas 15 meses. Carlos Gaguim pagou a
empreiteira R$ 140,6 milhões e R$ 19,1 milhão foram pagos a CRT por
Siqueira Campos, atual governador do Estado. Em troca das “doações”
financeiras nas campanhas políticas, o bando de Carlinhos Cachoeira
dava as cartas no Estado.
Os investimentos no Tocantins
deram resultados altamente lucrativos para a quadrilha organizada do
bicheiro. O governador Siqueira Campos pagou a doação fechando um
acordo de R$ 14,7 milhões com a Delta Construtora. Segundo a PF, o
mafioso é sócio oculto da empreiteira, contratada sem licitação.
Marcelo Miranda, Carlos Gaguim e o
prefeito Raul Filho, de Palmas, também desviaram dinheiro público
para empresas de Carlinhos Cachoeira – via contratos ilegais –,
como contra partida pelas doações financeiras que receberam do
bandido que hoje está preso no Complexo da Papuda, em Brasília.
Cachoeira
fatura mais de
R$ 100 milhões em Palmas
O prefeito Raul Filho (PT) é
acusado de assinar seis contratos ilegais, de R$ 119 milhões, com a
Delta Construtora, empreiteira ligada a Carlinhos Cachoeira; quatro
deles feitos sem licitação. No mandato do petista a Delta já
recebeu R$ 70,9 milhões da prefeitura de Palmas, através de acordos
para fazer serviços de limpeza urbana. Por cair na teia do bicheiro,
Raul Filho caiu agora na malha da Polícia, do MP e da CPMI de
Cachoeira, em Brasília.
O primeiro contrato, de R$ 14
milhões, foi firmado em 2006 e passou por licitação, mas a
legalidade do procedimento está sendo questionada pelo Ministério
Público. Os outros contratos foram assinados entre a Delta e Raul
Filho em 2007 (de R$ 6,7 milhões); em 2008 (de R$ 7 milhões); em
2008, (de R$ 8,1 milhões) e o último em 2009, quando a empreiteira
abocanhou dos cofres públicos mais R$ 8,3 milhões.
Em Palmas a Delta seria comandada
pelo ex-secretário de Infraestrutura, Jair Correa Júnior e pelo
cunhado do prefeito, Pedro Duailibe, irmão da primeira dama e
deputada estadual Solange Duailibe (PT). A denúncia foi feita a
Polícia pelo engenheiro Luiz Marques, que era responsável pela
fiscalização dos serviços da empreiteira na capital entre 2007 e
2011.
Um vídeo encontrado pela Polícia
Federal mostra Raul Filho negociando com o grupo de Cachoeira durante
a campanha de 2004, que o elegeu prefeito de Palmas pela primeira
vez. Segundo a PF, o petista privilegiou a Delta para cumprir a sua
parte no acordo previamente feito com a gangue do contraventor.
Bicheiro põe governadores no
bolso
O esquema corrupto de Carlinhos
Cachoeira já criou raízes no Tocantins. De acordo com a PF, um dos
sócios do bicheiro, o empresário Rossine Aires Guimarães, já
faturou R$ 234.444.617,62 dos cofres do Estado, desde 2003.
Segundo a PF, a atuação de
Cachoeira no Tocantins começou no governo de Marcelo Miranda (PMDB),
continuou na gestão do também peemedebista Carlos Gaguim –
Gaguim é sócio de Rossine na CRT, uma das empresas do grupo do
bicheiro –, e prossegue agora, no mandato Siqueira Campos (PSDB).
Rossine é dono de 82% das ações
da Construtora Rio Tocantins (CRT), que também tem o nome de
Construtora Vale do Lontra. A CRT aparece nas investigações da
Operação Monte Carlo como uma das empreiteiras privilegiadas com
dinheiro público no Estado.
Rossine, o sócio de Cachoeira,
doou em seu nome R$ 3,7 milhões para a campanha eleitoral no
Tocantins. Foram R$ 3 milhões para Siqueira Campos – o dinheiro
foi entregue após a campanha eleitoral –, e R$ 500 mil para Carlos
Gaguim.
A CRT também jogou R$ 500 mil na
campanha de Gaguim e R$ 162 mil na campanha de Marcelo Miranda ao
Senado. Segundo a PF, a CRT doou mais R$ 1 milhão para Marcelo
Miranda, mas o dinheiro não foi declarado a Receita Federal.
Siqueira Campos ajuda Delta
com mais de
R$ 14 milhões
O governador Siqueira Campos virou
réu em Ação Civil Pública por Improbidade Administrativa porque,
dando continuidade ao reinado de Cachoeira no Tocantins, ignorou
licitação e assinou contrato milionário com a Delta, de R$ 14,7
milhões.
A influência do mafioso Cachoeira
no Governo do Tocantins é tão forte que até semana passada a
agência Ginga Rara Propaganda, empresa ligada ao bicheiro,
funcionava em uma casa de Eduardo Siqueira Campos (PSDB), na quadra
110 Sul.
Siqueirinha é filho do governador
Siqueira Campos e atual secretário de Relações Institucionais do
Estado. A descoberta de que a agência compõe o império empresarial
de Carlinhos Cachoeira foi feita pelo Coaf, órgão de inteligência
do Ministério da Fazenda.
Todos os políticos e empresários
citados aqui negam qualquer envolvimento com o chefe da máfia do
jogo do bicho e do caça níquel, Carlos Augusto de Almeida Ramos, o
Carlinhos Cachoeira. A Delta Construtora, por exemplo, repete o
discurso de que todos os contratos firmados estão dentro da
legalidade. A PF, o MPF discordam das versões dos envolvidos com o
bicheiro.
Pedro Duailibe nega comandar a
Delta em Palmas diz que "como secretário, manteve as relações
necessárias à função"
Rossine, sócio de Cachoeira,
doou mais de R$ 3 milhões para a campanha do PSDB no Tocantins.
Agradecido, o Governador Siqueira Campos assinou contrato com a
Delta, sem licitação, por R$ 14 milhões
A agência de publicidade Ginga
Rara, ligada a Cachoeira, foi contrata por R$ 5,2 milhões, pelo
governo do Tocantins. Até semana passada, a empresa funcionava em
casa que era de Siqueirinha, filho de Siqueira Campos
Documento do Ministério da
Justiça denuncia o envolvimento do governador do Tocantins, Siqueira
Campos, com o bicheiro Carlinhos Cachoeira
Rossine doou
R$ 3 milhões para o candidato Siqueira Campos. Pela lei, as doações
de pessoas físicas não podem ultrapassar 10% dos rendimentos brutos
registrados no ano anterior. Seu pro-labore
teria que alcançar estupendos R$ 4 milhões mensais. Nem Messi, o
melhor jogador de futebol do mundo, ganha isso de salário
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