Falta
dinheiro para a candidata à deputada estadual pelo PPS, Maria Cecília Machado,
a Cecília do Cevam, fazer uma campanha política pomposa. Em compensação, ela oferece
à sociedade goiana a sua experiência de 20 anos de trabalho voluntário na luta
pelo fim da violência contra a mulher, a criança e o adolescente!
“O Brasil é o quinto País que mais violenta as suas mulheres; Goiás é o segundo Estado que mais mata e Goiânia é a quinta capital com mais homicídios. O holocausto é aqui!”
Sem
Censura - O que as mulheres goianas, principalmente àquelas vítimas de
violência doméstica, podem esperar da Cecília do Cevam como deputada estadual?
Cecília
– Faremos
um mandato democrático, com ampla participação popular. Teremos um escritório
político aberto 24 horas para atender a população goiana. Será uma trincheira
de luta em defesa das mulheres - ali elas terão vez e voz –; das crianças e dos
adolescentes.
Sem
Censura - Há oito anos na presidência do Cevam, que melhorias a senhora
conquistou para a entidade?
Cecília
- Conseguimos
garantir a nossa porta aberta 24 horas; implantamos o programa Castelo dos
Sonhos, de atendimento a meninas vítimas de abuso e exploração sexual. Melhoramos
a nossa comunicação externa; temos assento nos Conselho da Mulher do Estado de
Goiás e do Município de Goiânia.
Criamos uma Rede de Voluntários e estamos
organizando uma nova sede em Aparecida de Goiânia. Mantemos permanentes campanhas
de prevenção à violência doméstica e familiar, e atendemos mais de 25 mil
pessoas em nossa entidade.
Sem
Censura -
O seu trabalho envolve ainda o amparo à
criança e ao adolescente vitimas de maus-tratos, abuso sexual, abandono. Quais
as maiores dificuldades para fazer valer os direitos dessa comunidade
infanto-juvenil?
Cecília
– Garantirmos
recursos permanentes para que não aconteça a descontinuidade dos serviços e que
o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90) saia do papel. O ECA está
em vigor há 28 anos e não conseguimos ainda garanti-lo na integralidade.
“Em seus 37 anos de existência o Cevam prima por não ser subserviente a nenhum governo e a trabalhar apontando caminhos libertários na vida das mulheres, crianças e adolescentes”.
Sem
Censura - Os castigos físicos, o trabalho forçado, a negligência, a ausência de
cuidados cerceiam o desenvolvimento saudável da criança e podem transformá-la
num adolescente infrator. Por que as medidas preventivas do ECA não são
cumpridas, sobressaindo-se apenas a parte repressiva e punitiva?
Cecília
-
Temos de fazer algumas alterações urgentes no ECA, se quisermos que nossas
crianças e jovens cresçam saudáveis, felizes e não caiam na marginalidade ou
tornem-se dependentes de drogas lícitas
e ilícitas.
Precisamos
garantir o acesso à educação de qualidade e ao primeiro emprego. As crianças
devem participar, desde pequenas, do processo de construção de uma nova
sociedade, em que o fascismo seja extirpado e a democracia faça parte do nosso
dia a dia.
Sem
Censura - Quais os casos mais chocantes de violência chegaram ao Cevam?
Cecília
- Posso
citar inúmeros, mas irei me ater a quatro: a menina Lucélia, vítima de tortura,
teve o corpo mutilado por uma rica empresária e morou no Cevam por mais de nove
meses. Este caso teve repercussão nacional, a torturadora foi presa, condenada
e pagou uma alta indenização.
O caso da jovem Mara Rúbia, que teve os olhos
perfurados e nós precisamos travar um briga judicial com o Tribunal de Justiça
e o Ministério Publico de Goiás para que esses órgãos compreendessem que houve tentativa de homicídio .
Conseguimos parar o Congresso Nacional para que ouvisse o nosso clamor e trouxemos
à Goiás a bancada feminina de lá, quando organizamos uma grande rede de apoio à
Mara Rúbia.
Com a ajuda, o apoio e o empenho da
advogada do Cevam, Darlene Liberato, conseguimos a condenação máxima do
agressor, fazendo com que ele fosse a Júri Popular em tempo recorde. Recebemos
inúmeros casos de meninas vítimas de estupro familiar, que acontecem em seus
próprios lares e que carregam no colo os seus filhos-irmãos.
Sem
Censura – É preciso muito equilíbrio emocional para lidar com essas situações.
A senhora pensou em desistir alguma vez?
Cecília
–
Nunca, mas o que me fez calar foi quando uma criança de 10 anos me perguntou: _
Tia, quando eu casar o meu marido vai saber que o meu pai fez “aquilo” comigo?
Naquela hora eu perdi a fala e após me recompor, respondi pra ela: _ até lá nós
encontraremos uma resposta. Você ainda tem um longo caminho pela frente. Você
irá estudar, se formar e será uma grande mulher.
Sem
Censura - Qual a sua proposta de uma política de segurança pública eficaz para
inibir a violência contra as mulheres, as crianças e os adolescentes em Goiás?
Cecília
-
Precisamos compreender que Segurança Pública não se faz só com armamentos e sim
com inteligência. Temos que investir mais em educação, cultura, esporte, lazer,
e menos em armas. Precisamos tirar do papel e fazer valer de forma eficaz a Lei
Maria da Penha e o Estatuto da Criança e do adolescente.
Sem
Censura - O seu número na urna – 23180 – lembra às vítimas de crimes que elas
devem delatar os agressores pelo disque-denúncia, o 180. Porém, o aumento
significativo das barbáries contra a mulher parece não intimidar os
denunciados. As punições não são severas, ou o serviço estaria se limitando a
traçar mapas da violência e elaborar estatísticas?
Cecília
- Quando
pensamos o número 23180, quisemos divulgar o disque-denúncia também. Essa ideia
veio de uma voluntária nossa, a psicóloga Adriana de Oliveira Barbosa. Precisamos
propagar o número 180 para toda a população, incansavelmente, pois este número
salva vidas.
A Lei Maria da Penha é uma das
legislações mais perfeitas, mas as pessoas não conhecem o seu conteúdo e os
governantes não garantem no cotidiano das pessoas os benefícios que a lei
determina, a exemplo de implantação de delegacias, juizados, casas-abrigos,
dentre outros direitos ali previstos.
Sem
Censura - Com esteio na Lei Maria da Penha o disque-denúncia 180 é o Raio-X da
brutalidade contra a mulher em cada Estado, possibilitando a tomada das medidas
necessárias para enfrentar e coibir a violência. Como a senhora avalia a
atuação do governo de Goiás nessa área nos últimos oito anos?
Cecília
–
Os Governos nas três esferas, Federal, Estadual e Municipal deveriam ter somado
esforços para garantir o bem maior das pessoas, que é a vida. Hoje o Brasil é o
quinto País que mais violenta suas mulheres; Goiás é o segundo Estado que mais
mata e Goiânia é a quinta capital com mais homicídios. O holocausto é aqui!
Segundo o jornal O popular, do dia 11 de
setembro de 2018, em Goiás uma mulher morre a cada dois dias. Cinco mulheres foram mortas em Goiás em 10
dias. No Estado, a política pública para as mulheres é muito frágil e
precisamos urgente de uma determinação política para mudarmos esta realidade.
“Saio
candidata à deputada estadual para fortalecer o Cevam, pois não somos ouvidas a
contento até a presente data”.
Sem
Censura - Nas eleições municipais de 2016 a sua campanha à vereadora de Goiânia
foi financeiramente tímida e a senhora ficou como suplente. Qual o seu grau de
confiança de vencer agora a disputa por uma cadeira na Assembléia Legislativa?
Cecília
- Participei
do processo eleitoral em 2016 para cumprir uma tarefa do Cevam, pois a
diretoria definiu que era o momento da instituição ter uma representante na
Câmara, para sermos ouvidas, já que isso não acontece a contento até a presente
data. Estamos gritando no deserto.
Hoje coloco o meu nome novamente à
disposição, após um novo pedido da direção, e acredito que tenho chance, mesmo
sabendo que o jogo é desigual. A nossa Campanha está sendo construída a várias
mãos, através dos amigos, familiares e voluntários que sonham com um mundo sem
violência, com respeito e paz. Queremos a igualdade de direitos, oportunidades
e mais mulheres com o poder da caneta nas mãos.
Sem
Censura - Como a candidata Cecília do Cevam convence o eleitorado de que se
difere de pessoas que usam ONGs apenas como trampolim para alçar voo a uma
carreira política?
Cecília
- Tenho
tranquilidade de dizer que estou candidata por decisão da direção do Cevam, que
deseja mais mulheres na política. Não estou usando a instituição. Faço 70 anos
no próximo ano e poderia estar viajando, descansando, curtindo meus netos,
filhos e familiares, mas tenho uma missão com o Cevam. Queremos fortalecê-lo
politicamente. Temos que garantir políticas publicas eficazes na vida das
mulheres, crianças e adolescentes.
Sem
Censura - A senhora sai candidata pelo PPS, que junto com PSDB e PSB, formam a coligação Goiás Avança Mais III e tem Marconi Perillo, José Eliton, Lúcia
Vânia, Raquel Teixeira.
Como é a receptividade dessa aliança à sua campanha?
Cecília
- O Partido
Popular Socialista – PPS é um partido pequeno em Goiás, mas não tem medo de
ousar. Fechamos uma coligação muito forte (PSDB, PSB e PPS), com vários
medalhões. Precisarei de aproximadamente 35 mil votos para ter chance de ser
eleita, mas sei que não é impossível. Tenho conseguido o apoio da nossa Chapa
Majoritária, que sabe que esta eleição será decidida pelos votos das mulheres.
“Recebemos
inúmeros casos de adolescentes vítimas de estupro familiar, e que carregam no
colo os seus filhos-irmãos. Uma criança de 10 anos me perguntou:_ Tia, quando
eu casar o meu marido vai saber o que o meu pai fez comigo? Naquela hora eu
perdi a fala”.
Sem
Censura - Em 2016 a senhora declarou que o Cevam vivia só de doações há mais de
seis anos. Recentemente, afirmou que o casal Marconi e Valéria Perillo sempre
esteve ao lado do Cevam. Que tipo de ajuda eles deram à entidade?
Cecília
- Em
seus 37 anos de existência o Cevam prima por não ser subserviente a nenhum
governo e a trabalhar apontando caminhos libertários na vida das mulheres,
crianças e adolescentes. O Casal Marconi
e Valéria Perillo contribuiu de forma pessoal e voluntária com a instituição. Temos
orgulho de tê-los como parceiros, pois sempre nos atenderam de forma
respeitosa.
Sem
Censura - O Cevam já recebeu alguma melhoria pelas mãos do deputado federal
Marcos Abrão? Que benefícios ele prometeu trazer para a instituição, caso seja
reeleito?
Cecília
- O
Deputado Marco Abrão é nosso parceiro de primeira hora. O conhecemos no final
de 2015 e se a nossa instituição continua de portas abertas 24 horas é graças à
sensibilidade dele; de compreender a luta das mulheres e nos ajudar, apontando
saídas para as nossas dificuldades financeiras.
Sem
Censura - Se vencerem as eleições, Marconi Perillo e Lúcia Vânia para o Senado,
e Marcos Abrão para a Câmara dos Deputados, qual o compromisso deles de
socorrer o Cevam a fim de tirá-lo da sobrevivência apenas por meio de doações?
Cecília
-
Temos a certeza que continuarão a contribuir com a nossa luta, que é árdua,
sofrida e não pode ser solitária. Eles serão eternamente amigos e parceiros do
Cevam.
Sem
Censura – Que propostas a deputada Cecília pretende apresentar na Assembléia
Legislativa?
Cecília
– Tenho
muitas, dentre elas o combate ao turismo sexual, com políticas públicas e
permanente campanhas; o enfrentamento do tráfico interno de pessoas; a
aplicação da legislação de combate à violência doméstica, em especial para
proteger mulheres, crianças e adolescentes.
Quero implantar da Casa da Mulher, que será um
complexo arquitetônico com serviços especializados às vítimas de violência, como
delegacia, juizado, defensoria, promotoria, equipes psicossocial, orientação ao
emprego e à renda, além de brinquedoteca e área de convivência.
ü Dentre as propostas de Cecília destacam-se:
ü Apoiar o
custeio, por intermédio de convênio, às Casas de Acolhimento de mulheres,
adolescentes e crianças vítimas de violência doméstica e sexual;
ü Apoiar
reestruturação e o fortalecimento do Conselho Municipal da Mulher;
ü Atuar pela
reconfiguração da Secretaria Municipal da Mulher, de modo que o espaço
conceitual, logístico e finalístico seja de portas abertas e totalmente voltado
ao coletivo feminino, com atuação transparente e comprometida com a igualdade,
a justeza social e o respeito de gênero, de raça, de orientação sexual e de
etnia;
ü Coordenar uma
ação pela criação da Secretaria da Igualdade Racial, voltada para a mulher
negra que sofre racismo de gênero e de cor, como forma de não invisibilizar a
realidade da porção negra e majoritária do feminismo.
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