Atrações artísticas e
uma saborosa feijoada no Cerrado Restaurante, setor Bueno, em Goiânia, marcam neste
sábado o aniversário do Cevam - Centro de Valorização da Mulher Consuelo Nasser e do
Conem – Conselho Estadual da Mulher
Cevam, refúgio seguro de mulheres vítimas da violência doméstica em Goiás |
Cleudeana, 38 anos, é uma mulher encantadora
na mais pura essência do termo! Guerreira nata, ela trabalha de sol a sol para,
na casa própria que conseguiu comprar sozinha, educar com desvelo os dois
filhos; Juliana, 19 anos, trabalha e cursa a faculdade de administração de
empresas, e o pequeno João Vítor, de oito anos, jamais falta à escola.
O mais incrível em Cleude, como os
amigos a chamam, é o fato de ela estar sempre linda, alegre, bem disposta, de bem
com a vida. Prestativa, jamais nega ajuda a alguém. Mas nem sempre a vida dessa
mulher foi assim, composta de uma família feliz e equilibrada.
Criada sem mãe – a genitora a abandonou quando
ela tinha três anos de idade –, Cleude casou muito jovem e tornou-se vítima de
sucessivas agressões verbais e físicas do marido durante os 16 anos de
relacionamento. O homem que devia dar-lhe amor e proteção tentou até matá-la
asfixiada.
Na última agressão que sofreu Cleude se
deu conta, poderia ser morta pelo companheiro. Desesperada, pegou os dois
filhos e só com a roupa do corpo buscou socorro no Cevam – Centro de
Valorização da Mulher Consuelo Nasser. A acolhida e amparo recebidos da
entidade foi o divisor de águas na vida dela e dos filhos.
A partir da ajuda do Cevam, há três
anos, a vida de Cleude só melhora. A família, antes norteada pela submissão e
medo em relação ao chefe agressor; agora é estruturada no amor e no respeito
mútuo. “Não fosse o Cevam, eu não estaria viva hoje para contar-lhe a minha
história”, frisa a sobrevivente da violência doméstica.
Para festejar a vitória de Cleude e de
centenas de outras mulheres que já dependeram da ajuda do Cevam para
libertarem-se de homens violentos e reabilitarem-se na vida, a instituição
promove um encontro no Cerrado Restaurante, neste sábado, 26. No evento
beneficente, feito em parceria com o Conem – Conselho Estadual da Mulher será
servida uma feijoada regada a diversas atrações artísticas. O ingresso é de
apenas R$ 30,00.
União
e luta compõe
a
história do Cevam
Maria Cecília e Dolly Soares travam batalha constante contra agressores |
Mesmo com parcos recursos, a presidente
do Cevam Maria Cecília Machado e a conselheira e diretora Dolly Soares trabalham
duro e incansavelmente a fim de manter a instituição funcionando com estrutura
adequada para não deixar morrer a sua missão de amparar, receber, reabilitar e
auxiliar mulheres, crianças e adolescentes vítimas da violência doméstica, abuso sexual e abandono.
Maria Cecília preside o Cevam há oito
anos e carrega na bagagem 20 anos de serviços voluntários nessa luta. É ativista
do Movimento de Mulheres e conselheira da Casa Anália Franco. Ela afirma que o
Órgão não é subserviente a nenhum governo. Ao contrário, procura apontar
caminhos libertários na vida do público que atende.
Sobrevivendo de doações, só com muito
sacrifício o Cevam consegue manter as portas abertas 24 horas. Por isso é imprescindível
a participação da sociedade no evento deste sábado. Apesar da luta árdua,
existem motivos para comemorar.
Além de assistir centenas de mulheres em
perigo, o Cevam implantou o programa Castelo dos Sonhos, que atende meninas
vítimas de abuso e exploração sexual. A instituição melhorou a comunicação
externa e ajudou a criar o Conselho da Mulher do Estado de Goiás e também o do
Município de Goiânia, onde tem participação efetiva há 20 anos.
No momento o Cevam
luta para construir uma sede nova em Aparecida de Goiânia, município que
registra um alto índice de violência contra a mulher e a população
infanto-juvenil. Na missão de dar um basta às agressões, são desenvolvidas
campanhas permanentes de prevenção.
Em
busca do primeiro amor
Livre da violência, Cleude sorri para a vida |
Socorrida pelo Cevam, Cleude busca um amor leal |
Graças ao amparo recebido do Cevam,
Cleude não permitiu que as quase duas décadas sofrendo agressões lhe
desencantasse da vida. Bonita e jovial, ela procura um namorado. Na busca de um
amor ela está mais seletiva, pois descobriu o valor de ser mulher.
Quando buscou refúgio no Cevam Cleude
não levou nenhum bem material. “Eu só pensava em salvar a minha vida e,
principalmente, a vida de meus filhos”, relembra. Tal qual uma Fênix, ela
ressurgiu das cinzas. Trabalhando de segunda-feira a sábado conquistou a casa
própria, conseguiu emprego para a filha; reorganizou a vida.
Ao contrário do que ocorre com muitas
vítimas de violência, Cleude não se tornou amargurada. Superou o trauma com
trabalho e dedicação aos filhos e agora quer encontrar um homem capaz de amá-la
sem ressalvas, sem traições ou quaisquer outras formas de violação aos seus
direitos humanos.
Cleude é corajosa e revela no sorriso o mais
sincero, genuíno e verdadeiro do seu interior. A história dela, de superação, prova
o poder da mulher para reescrever a própria história quando o enredo é composto
de espancamentos, agressões verbais, humilhações de toda a espécie.
Não fosse a existência do Cevam, fundado
há 38 anos pela advogada e jornalista Consuelo Nasser, Cleude poderia ter
terminado a vida como mais um número apenas nas estatísticas da violência
contra a mulher.
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