27 de abril de 2019

Cevam comemora 38 anos de luta em prol da mulher

Atrações artísticas e uma saborosa feijoada no Cerrado Restaurante, setor Bueno, em Goiânia, marcam neste sábado o aniversário do Cevam - Centro de Valorização da Mulher Consuelo Nasser e do Conem – Conselho Estadual da Mulher

Cevam, refúgio seguro de mulheres vítimas da violência doméstica em Goiás



Cleudeana, 38 anos, é uma mulher encantadora na mais pura essência do termo! Guerreira nata, ela trabalha de sol a sol para, na casa própria que conseguiu comprar sozinha, educar com desvelo os dois filhos; Juliana, 19 anos, trabalha e cursa a faculdade de administração de empresas, e o pequeno João Vítor, de oito anos, jamais falta à escola.
O mais incrível em Cleude, como os amigos a chamam, é o fato de ela estar sempre linda, alegre, bem disposta, de bem com a vida. Prestativa, jamais nega ajuda a alguém. Mas nem sempre a vida dessa mulher foi assim, composta de uma família feliz e equilibrada.
Criada sem mãe – a genitora a abandonou quando ela tinha três anos de idade –, Cleude casou muito jovem e tornou-se vítima de sucessivas agressões verbais e físicas do marido durante os 16 anos de relacionamento. O homem que devia dar-lhe amor e proteção tentou até matá-la asfixiada.
Na última agressão que sofreu Cleude se deu conta, poderia ser morta pelo companheiro. Desesperada, pegou os dois filhos e só com a roupa do corpo buscou socorro no Cevam – Centro de Valorização da Mulher Consuelo Nasser. A acolhida e amparo recebidos da entidade foi o divisor de águas na vida dela e dos filhos.
A partir da ajuda do Cevam, há três anos, a vida de Cleude só melhora. A família, antes norteada pela submissão e medo em relação ao chefe agressor; agora é estruturada no amor e no respeito mútuo. “Não fosse o Cevam, eu não estaria viva hoje para contar-lhe a minha história”, frisa a sobrevivente da violência doméstica.
Para festejar a vitória de Cleude e de centenas de outras mulheres que já dependeram da ajuda do Cevam para libertarem-se de homens violentos e reabilitarem-se na vida, a instituição promove um encontro no Cerrado Restaurante, neste sábado, 26. No evento beneficente, feito em parceria com o Conem – Conselho Estadual da Mulher será servida uma feijoada regada a diversas atrações artísticas. O ingresso é de apenas R$ 30,00.





União e luta compõe
a história do Cevam
Maria Cecília e Dolly Soares travam batalha constante contra agressores
















Mesmo com parcos recursos, a presidente do Cevam Maria Cecília Machado e a conselheira e diretora Dolly Soares trabalham duro e incansavelmente a fim de manter a instituição funcionando com estrutura adequada para não deixar morrer a sua missão de amparar, receber, reabilitar e auxiliar mulheres, crianças e adolescentes vítimas da violência doméstica, abuso sexual e abandono.
Maria Cecília preside o Cevam há oito anos e carrega na bagagem 20 anos de serviços voluntários nessa luta. É ativista do Movimento de Mulheres e conselheira da Casa Anália Franco. Ela afirma que o Órgão não é subserviente a nenhum governo. Ao contrário, procura apontar caminhos libertários na vida do público que atende.  
Sobrevivendo de doações, só com muito sacrifício o Cevam consegue manter as portas abertas 24 horas. Por isso é imprescindível a participação da sociedade no evento deste sábado. Apesar da luta árdua, existem motivos para comemorar.
Além de assistir centenas de mulheres em perigo, o Cevam implantou o programa Castelo dos Sonhos, que atende meninas vítimas de abuso e exploração sexual. A instituição melhorou a comunicação externa e ajudou a criar o Conselho da Mulher do Estado de Goiás e também o do Município de Goiânia, onde tem participação efetiva há 20 anos.
No momento o Cevam luta para construir uma sede nova em Aparecida de Goiânia, município que registra um alto índice de violência contra a mulher e a população infanto-juvenil. Na missão de dar um basta às agressões, são desenvolvidas campanhas permanentes de prevenção.


Em busca do primeiro amor

Livre da violência, Cleude sorri para a vida
Socorrida pelo Cevam, Cleude busca um amor leal



                   Graças ao amparo recebido do Cevam, Cleude não permitiu que as quase duas décadas sofrendo agressões lhe desencantasse da vida. Bonita e jovial, ela procura um namorado. Na busca de um amor ela está mais seletiva, pois descobriu o valor de ser mulher.
Quando buscou refúgio no Cevam Cleude não levou nenhum bem material. “Eu só pensava em salvar a minha vida e, principalmente, a vida de meus filhos”, relembra. Tal qual uma Fênix, ela ressurgiu das cinzas. Trabalhando de segunda-feira a sábado conquistou a casa própria, conseguiu emprego para a filha; reorganizou a vida.
Ao contrário do que ocorre com muitas vítimas de violência, Cleude não se tornou amargurada. Superou o trauma com trabalho e dedicação aos filhos e agora quer encontrar um homem capaz de amá-la sem ressalvas, sem traições ou quaisquer outras formas de violação aos seus direitos humanos.
 Cleude é corajosa e revela no sorriso o mais sincero, genuíno e verdadeiro do seu interior. A história dela, de superação, prova o poder da mulher para reescrever a própria história quando o enredo é composto de espancamentos, agressões verbais, humilhações de toda a espécie.
Não fosse a existência do Cevam, fundado há 38 anos pela advogada e jornalista Consuelo Nasser, Cleude poderia ter terminado a vida como mais um número apenas nas estatísticas da violência contra a mulher.
            


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