9 de janeiro de 2014

Maguito lesou prefeitura para ajudar a Delta


Perícia Contábil Comprobatória feita pelo Ministério Público não deixa dúvidas: mais de R$ 12,5 milhões é o rombo que o prefeito Maguito Vilela (PMDB) deu aos cofres de Aparecida de Goiânia para favorecer a Construtora Almeida Neves e a Delta Construções, ligada ao bicheiro Carlinhos Cachoeira! 

Laudos periciais contábeis complicam situação de Vilela

O Ministério Público fecha o cerco em torno do prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela (PMDB), para cassar o seu mandato e suspender os seus direitos políticos. Cinco promotores de Justiça reuniram provas robustas de que ele beneficiou as empresas Almeida Neves e a Delta Construções com contratos milionários e fraudados, firmados em 2010. A Delta é ligada ao bicheiro Carlinhos Cachoeira, de quem o peemedebista é amigo e padrinho de casamento.
De acordo com a Perícia Contábil Comprobatória número 19012013, elaborada pelos técnicos do MP Soraia Alves Rodrigues do Nascimento e Wellington de Oliveira Teixeira, em um ano Maguito deu um prejuízo de R$ 12.550.543,33 aos cofres do município para favorecer as duas empreiteiras.
Os laudos periciais foram juntados na semana passada a Ação Civil Pública – Autos número 201201584820 – que já tramita no Judiciário contra o prefeito, a Delta e a Almeida Neves, e que pede a condenação dele por atos de improbidade administrativa. Nela, Maguito é acusado de prejudicar micro e pequenas empresas para favorecer as duas empreiteiras com licitação fictícia e contratos milionários, superiores a R$ 26 milhões.
A perícia serve para reforçar os subsídios do magistrado que está julgando o processo e fortalecer o pedido do Ministério Público, que insiste na condenção de Maguito Vilela por corrupção com o dinheiro do contribuinte. Com as novas provas do MP, o prefeito de Aparecida fica mais exposto ao risco de perder o cargo e ficar inelegível por até oito anos.
O processo contendo os laudos periciais tem 346 páginas e é assinado pelos promotores de Justiça José Eduardo Veiga Braga Filho, Fernando Aurvalle Krebs, Vínicius Marçal Vieira, Juan Borges de Abreu, além de Rodrigo César Bolleli Faria, coordenador do CAOPP – Centro de Apoio Operacional do Patrimônio Público.

Maguito alugou da Almeida Neves duas vibro acabadeiras de asfalto ao preço anual de R$ 314.28O.OO cada. Se ele tivesse comprado uma nova pagaria apenas R$ 309.000,00 e uma seminova R$ 231 mil

 Defesa de Maguito não
convence os promotores
A negociata feita pelo prefeito com as empreiteiras, e que o coloca como réu vulnerável em mais um processo judicial, refere-se ao aluguel de veículos e maquinários das duas empresas. A Construtora Almeida Neves embolsou R$ 5.956.804,00 de Aparecida graças ao contrato número 159/2010, enquanto a Delta Construções levou R$ 6.593.739.33 da prefeitura com o contrato 160/2010. O rombo ao município, conforme a perícia Contábil, ultrapassa R$ 12,5 milhões.
Os laudos contábeis provam que os preços foram superfaturados e que se o prefeito tivesse comprado os veículos e máquinas, ao invés de alugá-los a valores exorbitantes, os gastos seriam bem mais baratos e a prefeitura não amargaria hoje o prejuízo de quase R$ 13 milhões.
Em sua defesa, Maguito Vilela alegou que tinha “total liberdade de escolha” para fechar os acordos com as duas empresas. Mas os promotores explicam que o prefeito não detem poder absoluto e não poderia firmar contratos fraudados e superfaturados.
Os promotores lembram que o prefeito tem de seguir os princípios que regem os administradores públicos, que devem ser econômicos, vantajoso, moral e não prejudicial aos cofres da prefeitura. Eles acrescentam: “Maguito Vilela não tem direito a esta 'liberdade de agir', em prejuízo dos 500 mil habitantes de Aparecida”.

Maguito locou da mesma empresa 05 máquinas tipo rolo compactador ao preço de R$ 174.600,00, sendo que o mesmo produto, zero km, custava, na época, R$ 180 mil e um seminovo, R$ 135 mil

Maguito pagou R$ 64.020,00 de aluguel por cada um dois oito tratores de pneus da Almeida Neves. Se quisesse, compraria um seminovo por R$ 55 mil


 Empreiteira do bicheiro
enriqueceu em Aparecida
Segundo o Ministério Público, o ano de 2010 foi bastante lucrativo para a Delta em Aparecida de Goiânia. Além dos mais de R$ 6 milhões que ela faturou com o contrato de aluguel de veículos e equipamentos, venceu uma licitação no valor aproximado de R$ 56 milhões para fazer a limpeza da cidade, negociata que também virou caso de Justiça. A época o promotor Élvio Vicente da Silva declarou: “O que está sendo limpo mesmo são os cofres da prefeitura!”.
No mesmo ano a Delta foi de novo contratada por Maguito, e sem passar por licitação, embolsou mais R$ 600 mil por apenas 30 dias de serviço prestado a cidade. Os contratos firmados em 2010, periciados agora por técnicos do MP, afirmam que os caminhõeas e máquinas alugados pela prefeitura poderiam ter, no máximo, 24 meses de uso.
A perícia prova, com documentos conseguidos junto ao Detran de Goiás, que os caminhões alugados pela Delta não tem as mesmas características dos especificados no contrato e, além disso, foram comprados em 2006. Ou seja, quando Maguito optou por aluga-los, eles já tinham quatro anos de idade.
Outro fato curioso descoberto pela perícia do MP: quando assinou o contrato de locação com Maguito, em 29 de abril de 2010, a Delta possuía 38 caminhões. Dois meses depois de aluga-los para a prefeitura pelo período de um ano, ela transferiu, em junho de 2010, 37 caminhões para a empresa Locarbens. Mesmo tendo ficado proprietária de apenas um veículo, a empresa do bicheiro conseguiu faturar mais de R$ 6 milhões dos cofres de Aparecida.
A Perícia Contábil do MP ressalta ainda que em 2010 o valor médio mensal da Receita Corrente Líquida (RCL) de Aparecida foi de R$ 17.538.991,44 e que se Maguito tivesse comprado os veículos e máquinas, ao invés de aluga-los a preços estratosféricos, teria gerado uma economia de 71,56% na media mensal da RCL do município.

Da Delta de Cachoeira Maguito alugou dois caminhões toco com caçamba, com mais de quatro anos de vida, ao preço unitário de R$ 117 mil. O mesmo tipo de veículo, com um ano de uso, custava apenas R$ 107.150,00

Delta e o prefeito são
 antigos negociantes
O Ministério Público ressalta que a Delta Construções é ligada ao bicheiro Carlinhos Cachoeira – a relação ficou comprovada pela Operação Monte Carlo, da Polícia Federal – e que a amizade do bicheiro com o prefeito Maguito Vilela vem desde o tempo em que o peemedebista comandou o Estado. Como governador, ele beneficiou a Gerplan, empresa de Cachoeira, com um contrato para explorar as atividades da Loteria do Estado de Goiás (LEG).
Dessa vez, porém, os cinco promotores que assinam a juntada da Perícia Contábil Comprobatoria a Ação Civil Pública por Improbidade Administrativa afirmam ter conseguido provas suficientes para subsidiar o Judiciário a condenar o prefeito com a perda do mandato e a cassação dos seus direitos políticos.
No processo não faltam documentos comprovando a lesão milionária aos cofres de Aparecida. O Detran, por exemplo, enviou ao MP cópias de todos os registros detalhados de veículos, máquinas e equipamentos da Delta e da Almeida Neves desde a assinatura dos contratos até agora, inclusive dos que foram transferidos no período.
A Perícia Contábil também comprovou o rombo que os contratos fraudados provocaram aos cofres de Aparecida fazendo tomada de preços em diversas empresas, dentre elas a Goiás Caminhões, Belcar, Cotril Máquinas e Tracbel S/A. Em todas essas firmas, o aluguel dos veículos sairia mais barato do que os acordos milionários firmados pelo prefeito. Mais: segundo os laudos periciais, nem a compra dos caminhões custaria tão caro quanto foi a locação deles.
Em letras garrafais e negritadas, os promotores concluem que, com a ajuda de Maguito Vilela, a Delta e Almeida Neves enriqueceram, imoralmente, a custa do dinheiro da prefeitura e do empobrecimento do município. Eles afirmam ainda que Maguito prejudicou diversas pequenas e médias empresas de Goiás apenas para beneficiar as duas empreiteiras, principalmente a do amigo Carlinhos Cachoeira.
Com o resultado da perícia do MP juntado ao processo que julga Maguito por improbidade, o ex-senador e ex-governador de Goiás fica mais vulnerável a perder a prefeitura de Aparecida de Goiânia, onde já responde mais de 10 ações por corrupção com o dinheiro público, inclusive verbas federais

Maguito poderia comprar caminhão truck, com somente um ano de uso, por R$ 131 mil; mas preferiu aluga-los da Delta por RS 143 mil cada. Essas e outras provas do prejuízo causado a prefeitura de Aparecida em 2010 estão nos laudos perícias que compõem o processo de 346 páginas, remetido ao Judiciário na semana anterior ao Natal



























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