A
Polícia Federal acusa o senador Demóstenes Torres (sem partido), de
tráfico de influência no Ministério Público de Goiás, chefiado
pelo irmão dele, Benedito Torres, para atender interesses do
bicheiro Carlinhos Cachoeira. Segundo a PF, o presidente da AGMP,
Alencar
Vital, e o procurador-geral do Estado, Ronald Bicca, também ajudavam
o contraventor a pedido de Demóstenes. Bicca entregou o cargo após
as denúncias
Operação Monte Carlo
O Ministério Público de Goiás foi atingido pela avalanche de lama de corrupção que escorre do bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e cobre o Estado desde a prisão dele, no final de fevereiro passado, durante a Operação Monte Carlo.
O Ministério Público de Goiás foi atingido pela avalanche de lama de corrupção que escorre do bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e cobre o Estado desde a prisão dele, no final de fevereiro passado, durante a Operação Monte Carlo.
Segundo a Polícia Federal, o
senador Demóstenes Torres (ex-DEM e sem partido) praticava tráfico
de influência na cúpula do MP goiano para defender os interesses do
chefe da máfia dos caça níquéis e do jogo do bicho em Goiás. A
instituição é chefiada por um irmão de Demóstenes, o procurador
geral de Justiça, Benedito Torres.
Os
telefonemas grampeados pela PF revelam que Demóstenes Torres tentava
proteger as ações da organização criminosa de Cachoeira usando de
sua influência também junto ao promotor de Justiça Alencar
José Vital, presidente
da AGMP – Associação Goiana do Ministério Público,
e ao procurador-geral do Estado, Ronald Bicca.
O
senador é flagrado nas interceptações telefônicas garantindo ao
bicheiro, de quem é amigo declarado, interferir diretamente em
procedimentos internos do Ministério Público. Nos 298 diálogos que
os dois mantiveram no decorrer de 2011, eles discutem ações que vão
da interferência
em processo judicial ao lobby pela legalização dos jogos de azar
no Congresso Nacional.
Enquanto
Ronald Bicca preferiu entregar o cargo após as denúncias, o
procurador geral de Justiça Benedito Torres e o presidente da AGMP,
Alencar Vital, negam qualquer envolvimento com o bicheiro. Ao ser
questionado pela tevê Anhanguera, o irmão de Demóstenes se
exaltou: “respeitem a minha família”, “respeitem o Ministério
Público de Goiás”.
Se
Benedito Torres tivesse alertado o irmão Demóstenes com essas duas
sábias frases, antes do senador se transformar em serviçal de
contraventor, hoje os promotores de Justiça de Goiás estariam
livres do terrível constrangimento a que foram submetidos, pois a
denúncia de que o ex e o atual chefe do MP de Goiás estariam
prestando favores a um criminoso ultrapassou as fronteiras do
Estado.
Demóstenes
promete ajuda do
chefe
do MP para o bicheiro
Os
goianos gostariam que as graves denúncias vindas a tona com a prisão
de Carlinhos Cachoeira não passassem de um terrível pesadelo, mas o
senador Demóstenes é flagrado nos grampos telefônicos da Polícia
Federal submetendo o Ministério Público as vontades do bicheiro.
Numa
dos trechos interceptados, Cachoeira diz a Demóstenes: "Manda
ele
(Benedito Torres, afirma a PF) lá designar um promotor para entrar
com uma ação contra isso aí". No mesmo dia, o senador garante
a Cachoeira: "Tratei com ele aquelas duas questões, diz que vai
resolver, falou?"
Em
outro telefonema, Cachoeira pede a Demóstenes que converse com o
procurador Benedito Torres para que interceda contra a transportadora
Garbano, que estaria em área incômoda para os negócios do
contraventor. Em todos os diálogos é visível a submissão do
senador ao Don Corleone de Goiás.
Cachoeira
pergunta a Demóstenes: "Você falou com seu irmão?"
Demóstenes responde: "De novo, não, vou encontrar com ele
pessoalmente". Cachoeira demonstra pressa em resolver a questão
e Demóstenes sugere falar com Ronald Bicca – o procurador geral do
Estado que abandonou o cargo após a divulgação das denúncias.
O
bicheiro não aceita a sugestão do senador e lhe ordena: "Tem
que ser via Ministério Público, entendeu?". Submisso,
Demóstenes responde: "Pode deixar que eu tomo conta disso.
(...) Vou procurar meu irmão agora na hora do almoço, vamos almoçar
juntos e vou falar essa questão com ele”.
Em
nova conversa grampeada, Cachoeira manda Demóstenes dizer ao irmão
Benedito Torres para receber o vereador Elias Vaz (PSol), que entrara
com uma representação no MP para barrar a licitação do Parque
Mutirama. Demóstenes avisa que vai pedir a interferência do
procurador: "Vou ligar lá. Te ligo daqui a pouco".
Demóstenes
envolve
AGMP
no esquema
As gravações telefônicas
revelam que o senador Demóstenes não pestanejou na hora de abalar a
credibilidade do Ministério Público e tampouco poupou a imagem dos
promotores de Justiça quando pôs a própria AGMP a disposição da
quadrilha de Cachoeira, como mostra as transcrições da PF.
Em
outro diálogo interceptado, Cachoeira diz a Demóstenes que acione o
promotor de Justiça Alencar
José Vital, presidente da AGMP e o mande cuidar de um processo
contra o vereador Amilton Batista, presidente da Câmara Municipal de
Anápolis. O senador promete: "O Alencar, que é o promotor que
coordena essa turma, ficou de dar uma resposta",
A
“turma”, como os promotores de Justiça são chamados,
pejorativamente, por Demóstenes, não estariam em situação
embaraçosa se tivessem exigido a saída do procurador Benedito
Torres da chefia do MP quando estouraram as acusações contra o
irmão senador. Recentemente, ao iniciar um processo, um promotor foi
questionado: “O caso vai ser investigado pelo irmão do sócio de
Cachoeira?”
Noutra
ligação, Cachoeira manda Demóstenes resolver a situação de um
processo sobre a Faculdade Padrão, do empresário Valter Paulo
Santiago, amigo do bicheiro. Solícito, o senador afirma: “Alencar
irá cuidar pessoalmente das duas situações". Demóstenes
acrescenta que até o fim do dia o presidente da AGMP retornaria a
ligação.
O
senador aparece em quase 300 diálogos com Carlinhos Cachoeira, que
correspondem a 60 horas de interceptação telefônica feitas com
autorização judicial. A Operação Monte Carlo foi deflagrada pela
PF, em conjunto com o MPF e o Escritório de Inteligência da Receita
Federal.
MP
e AGMP rebatem acusações
A
Procuradoria-Geral de Justiça de Goiás afirma que as decisões do
MP foram "opostas à pretensão manifestada por Carlos
Cachoeira" e que o procurador Benedito Torres "jamais
aceitaria ingerência" e "desconhecia qualquer
relacionamento do senador Demóstenes Torres com as pessoas ou as
empresas investigadas na Operação Monte Carlo".
O
presidente da Associação Goiana do Ministério Público, promotor
Alencar José Vital alega que o fato de o senador ter usado seu nome
foi uma "fanfarronice e irresponsabilidade de Demóstenes diante
de tantas outras coisas que o Brasil está vendo sobre ele".
Ronald
Bicca confirmou ter dado parecer favorável a Edemundo Dias Filho,
por tratar-se de caso "corretíssimo e tranquilo". Ele
afirma ser amigo do senador, mas diz nunca ter tratado de assunto
"relacionado a governo com Demóstenes Torres e muito menos com
Cachoeira". Bicca entregou o cargo na Procuradoria Geral do
Estado.
As
acusações de envolvimento do chefe do Ministério Público, do
presidente da AGMP e de Ronald Bicca, (ex Procuradoria Geral do
Estado) com Carlinhos Cachoeira integram o inquérito da Polícia
Federal na Operação Monte Carlo.
Apesar
das tarjas de “segredo de Justiça”, “sigiloso”,
“confidencial” e “reservado”, os documentos estavam sendo
enviados a conta gotas para emails de jornalistas. A duas semanas o
processo foi disponibilizado na íntegra na web.
Procuradoria
do Estado
trabalhava
para o crime
A
prisão de Carlinhos Cachoeira desencadeou uma onda de escândalos de
corrupção nunca vistos antes na história de Goiás. O governador
Marconi Perillo (PSDB) é acusado de entregar o comando da Segurança
Pública ao bicheiro. Segundo a PF, o bicheiro tinha carta branca
também em outros setores da administração tucana.
Num
de seus famosos telefonemas Cachoeira ordena ao ex-vereador Wladimir
Garcez – preso junto com o bicheiro – que pegue com Ronald Bicca,
então procurador geral do Estado, um "parecer favorável"
ao delegado Edemundo Dias Filho, também tesoureiro do PSDB de Goiás,
que enfrentava um processo administrativo.
Em
outro diálogo, Demóstenes relata a Cachoeira que Bicca teria lhe
dito que "não gosta de falar com intermediários":
Demóstenes diz: "Ele insinuou que você manda alguém atrás
dele. E quando você quiser as coisas, você chama ele e fala, ué".
Antes
de se mandar do cargo, Bicca confirmou ter dado parecer favorável ao
delegado Edemundo, mas alega que “agiu dentro da lei”. O fato é,
ele cumpriu a ordem dada pelo bicheiro através de Garcês.
Marconi
Perillo também é citado em uma conversa entre Demóstenes e
Cachoeira sobre uma "concessão" que a Assembleia
Legislativa de Goiás irá decidir. O senador pergunta ao bicheiro:
"Eu acho que o Marconi que precisava mandar, para evitar
questionamentos futuros, você num acha não?"
Cachoeira
discorda, mas o senador alerta para o risco de a operação ser
contestada por "vício de origem". O bicheiro então aceita
a sugestão de Demóstenes, dando a entender que irá tratar o
assunto diretamente com Marconi: "Eu vou discutir isso com ele,
tá?".
O
Governador continua negando que tenha feito qualquer negócio com
Cachoeira. Recentemente, o tucano alegou que por frequentar a “alta
sociedade”, havia encontrado com Cachoeira em uma ou duas ocasiões.
Marconi não explicou por quê o chefe da máfia da jogatina
frequentava livremente a “alta sociedade” sem jamais ser
importunado pela Polícia.
Se correr o bicho pega...
Se Demóstenes renunciar ao
mandato ou for cassado, assume em seu lugar Wilder Pedro de Morais,
seu primeiro suplente. Wilder é secretário de Infraestrutura no
Governo de Marconi Perilo e, segundo relatório da Monte Carlo,
emprega no órgão um parente da ex-mulher de Cachoeira, de quem
também é amigo. A mulher de Wilder o trocou pelo bicheiro.
Segundo
a PF, são ligados ao bicheiro Cachoeira quatro secretários de
Marconi: Alexandre Baldy, da Indústria e Comércio; Jayme Rincon, da
Agência de Obras; Ronald Bicca, procurador-geral do Estado; e Wilder
Pedro de Morais, secretário de Infraestrutura e primeiro-suplente de
Demóstenes.
O deputado federal Leonardo Vilela
(PSDB) também está na lista de pessoas ligadas ao bicheiro.
Ex-secretário de Meio Ambiente de Marconi e pré-candidato a
Prefeitura de Goiânia nas eleições deste ano, Vilela trocou
ligações telefônicas e manteve encontros com o bicheiro.
Seguindo
a mesma linha de defesa dos demais envolvidos com o contraventor,
Leonardo Vilela afirma que os seus telefonemas para Cachoeira “foram
para falar de assuntos lícitos". Ele arremata que não mantém
com o bicheiro "relações políticas,
nem
de amizade."
A derrocada do senador
A Operação Monte Carlo foi
deflagrada no dia 29 de fevereiro passado. Três dias depois a
investigação da Polícia Federal revelou que o senador Demóstenes
Torres trocou quase 300 telefonemas com o contraventor Carlinhos
Cachoeira no decorrer de 2011, todos grampeados pela PF. Começava aí
a sua derrocada política.
As gravações
mostram que Demóstenes recebeu do amigo um fogão e uma geladeira
importados, de presente de casamento em 2011. Duas semanas depois, a
revelação de outro grampo telefônico diz que Demóstenes reclamou
do seu iPad quebrado e Cachoeira lhe deu outro. Demóstenes afirmava
a imprensa: “Carlinhos e eu somos amigos', “eu pensei que ele
tivesse abandonado o crime”. (sic)
A versão de Demóstenes caiu na
próxima denúncia: Carlinhos Cachoeira habilitou em Miami 15
aparelhos de rádio, da marca Nextel, e os distribuiu entre a cúpula
da quadrilha. O senador Demóstenes era o número 1 no grupo dos 14
que receberam os telefones, adquiridos com o objetivo de evitar a
interceptação das conversas pela Polícia.
Outra revelação bombástica da
Polícia Federal: Demóstenes Torres é sócio do bicheiro Carlinhos
Cachoeira. O senador faturava 30% do que era arrecadado pela máfia
dos caça níquéis e do jogo do bicho em Goiás e já teria
embolsado R$ 50 milhões com o esquema criminoso. Segundo a PF, o
parlamentar pedia dinheiro e vazava informações de reuniões
oficiais em Brasília a Carlinhos Cachoeira.
A imprensa tomou conhecimento de
que um documento com as gravações e outros graves indícios de
corrupção fora enviado a Procuradoria Geral da República em 2009,
mas o chefe da instituição, Roberto Gurgel, não tomou qualquer
providência para esclarecer o caso. Em 27 de março, Gurgel muda de
atitude e pede ao Supremo Tribunal Federal para investigar
Demóstenes. No mesmo dia, pressionado pelos correligionários, o
senador renuncia a liderança do Democratas.
No último dia
três de abril, sob a ameaça de ser expulso do partido, o senador se
desfilia da legenda e até hoje não foi convidado a ingressar em
nenhuma outra. A denúncia, agora, de que exercia tráfico de
influência no Ministério Público de Goiás em prol do bicheiro
surge no momento em que Demóstenes responde processo
por quebra de decoro parlamentar. Ele não fala em renúncia e pode
ter o mandato cassado.
Escutas telefônicas feitas ao
longo de 2009 mostram que Demóstenes colocou o mandato de senador a
serviço dos negócios escusos de Carlinhos Cachoeira
Após pressão de
parlamentares, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel,
pediu ao Supremo Tribunal Federal - STF, a instauração de inquérito
para investigar o senador Demóstenes
Demóstenes
vive uma situação "mortal" para um político e não tem
outra saída a não ser a
imediata renúncia ao mandato
(Ophir Cavalcante, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB)
No inquérito aberto contra o
senador pelo STF, e onde aparecem apenas as iniciais do seu nome,
DLXT - Demóstenes Lázaro Xavier Torres, ele responde por corrupção
passiva, prevaricação e advocacia administrativa
Bom dia Edna Soares! me chamo welber dono da talentos grafica e auto da denúncia, gostaria muitom de falar a respeito dessa denúncia e explicar muita coisa que a população de aparecida ainda não sabe. entre no meu face welber iglesias que eu explico com mais clareza
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