10 de janeiro de 2014

Maguito Vilela fez por merecer as ações do MP


Maguito Vilela (PMDB) está desolado com a derrubada da PEC 37 pela Câmara dos Deputados, em Brasília. Réu em 10 processos por fraudar verbas públicas na prefeitura de Aparecida de Goiânia, distante 19 quilômetros da Capital, o ex-senador e ex-governador de Goiás ansiava pela aprovação da Emenda Constitucional para se livrar da fiscalização do promotor de Justiça Élvio Vicente da Silva. O peemedebista alega estar sendo “perseguido” pelo titular da 9ª Promotoria de Defesa do Patrimônio Público

Propalar na imprensa goiana que está sendo perseguido pelo promotor de Justiça Élvio Vicente da Silva, titular da 9ª Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, é a linha de defesa frágil e populista (no sentido demagogo do termo), que o prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela (PMDB), encontrou para tentar justificar a população as ações ajuizadas contra ele pelo Ministério Público Estadual.
O prefeito só está sendo “perseguido” pelo promotor Élvio Vicente porque é acusado de malversação e desvios de verbas públicas mediante fraudes em licitações, acordos desonestos com empreiteiras de Goiás, Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro; superfaturamento de preços de produtos e serviços, além de concurso público fraudado, nepotismo, dentre outras falcatruas.
Élvio Vicente é o titular da 9ª Promotoria de Justiça (Defesa do Patrimônio Público). Nessa condição, ele tem a obrigação constitucional de defender o dinheiro do povo que entra nos cofres da prefeitura, da gana de gestores que usam o cargo para desviar verbas e enriquecer de forma ilícita. Sob pena de prevaricar, de ser denunciado por omissão e conivência.
Membro antigo do MP Élvio Vicente sempre se pautou pela ética, isenção, imparcialidade de atuação. Prova disso é que ele teve a mesma postura que adota com Maguito quando ajuizou diversas ações civis públicas por improbidade administrativa contra os seus antecessores, os ex-prefeitos Ademir Menezes (PSD) e José Macedo (PR).

Ministério Público é o “perseguidor”
Das 10 ações civis públicas que Maguito responde por improbidade administrativa – corrupção com o dinheiro do povo –, quatro não foram propostas por Élvio Vicente. Um exemplo é a que envolvia um negócio escuso entre a prefeitura e uma empresa paulista, a Geovision Soluções Ambientais, proposta pela promotora Miryam Belle, na 14ª Promotoria de Justiça.
A Ação que pediu a prisão de Maguito e o bloqueio dos seus bens por favorecer a Delta Construtora, empreiteira ligada ao bicheiro Carlos Cachoeira, com acordos ilegais que somaram R$ R$ 57.047.204,20, foi assinada também pelos promotores Ana Paula Antunes, Fernando Krebs e Villis Marra. Nenhum deles estava perseguindo o prefeito. Estavam sim, defendendo o patrimônio público, área em que atuam.
O Ministério Público Federal também “persegue” Maguito Vilela. Na Ação Civil Pública por improbidade administrativa nº 2007.35.00.003339-8, ajuizada pelo MPF na 4ª Vara Federal de Goiânia, a procuradora da República em Goiás Rosângela Pofahl Batista requer a perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos do peemedebista. Ele foi denunciado por usar recursos públicos em campanha política.
A Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, também “perseguiu” Maguito Vilela. Ele é citado em várias conversas com o bicheiro Carlos Cachoeira e o ex-senador Demóstenes Torres no sentido de beneficiar a Delta Construções com contratos ilegais e milionários em Aparecida. Num dos dialógos interceptados pela PF, o prefeito reclama não poder agir direito por csausa da “perseguição” do promotor Élvio.
Como advogado e político escolado, o prefeito Maguito Vilela sabe que não tem cabimento a sua recente declaração de que “o Ministério Público quer interferir na atuação de outros poderes”. É justamente essa a sua tarefa, desde a Constituição Federal de 1988.
Desde então, o MP tem a missão de defender os direitos difusos e coletivos do cidadão e cabe-lhe investigar toda denúncia de infração a essas garantias constitucionais. Na 9ª Promotoria de Justiça é grande o número de pessoas que procuram Élvio Vicente para denunciar irregularidades na atual gestão de Aparecida.

Dinheiro do povo é o perseguido
Enquanto Maguito Vilela espalha na mídia estar sendo “perseguido” por Élvio Vicente, o promotor descobre que aumentam a cada dia os esquemas montados para perseguir o dinheiro dos cofres de Aparecida. Segundo os processos da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, Maguito fez vários acordos ilegais e milionários com empreiteiras de Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.
Contratadas sem concorrência pública, ou escolhidas mediante licitações fraudadas, a empresa Ibeg, de Brasília, as empreiteiras Construban Logística Ambiental, de São Paulo, e a Vital Engenharia, do Rio de Janeiro, faturaram dinheiro alto no município. Também com contratos ilegais, Maguito beneficiou a Delta Construtora, do bicheiro Cachoeira.
Sem passar por licitação, a Vital Engenharia, com sede no Rio de Janeiro, fechou negócio com Maguito Vilela no valor de R$ 9.047.229,60, para fazer a limpeza urbana por seis meses. Em mais um acordo ilegal, Maguito pagava a empreiteira carioca R$ 245.600,00 por mês pelo serviço de 70 garis particulares que ele contratou.
A Construban, de São Paulo, também ganhou R$ 1.813.750,02 para limpar a cidade por 180 dias e o dinheiro foi pago em seis parcelas de R$ 302.291,67, segundo comprovou o MP. Só com as empreiteiras Vital e Construban, os cofres de Aparecida amargaram prejuízo de R$ 13.122.379,62.
Com a Delta Construções, Maguito firmou quatro contratos fraudulentos no valor estratosférico de R$ 57.047.204,20. Segundo o MP, a licitação que escolheu a Delta foi de cartas marcadas. Até a Vital Engenharia, também beneficiada com contrato fraudulento e milionário, resolveu perseguir Maguito e entrou na Justiça contra a licitação viciada que favoreceu a Delta de Cachoeira.

O peemedebista Maguito Vilela alega sofrer “perseguição política” por parte do promotor Élvio Vicente. Os ex-prefeitos Ademir Menezes (PSD) e José Macedo (PR) também foram denunciados pelo Ministério Público quando tentaram transformar a prefeitura em lavanderia do dinheiro público

Ademir Menezes foi processado por Élvio Vicente por beneficiar a si e a sua família com um gigantesco terreno no polo empresarial – a área media quatro vezes o tamanho do estádio Serra dourada –, e um empréstimo milionário e ilegal que ultrapassava R$ 7 milhões

O ex-prefeito José Macêdo (PR), foi denunciado pelo promotor Élvio quando, junto com o então vice-governador Ademir Menezes, desviou R$ 1 milhão dos cofres da prefeitura para a empresa de fachada, a Leal Construtora. Pelo jeito, a única perseguida nessa polêmica é grana da população aparecidense













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