22 de março de 2016

A.P.I. vira moeda de barganha para o pseudopresidente Sérgio Redó

Atolada em dívidas, processos judiciais e arrastando a pecha de caloteira a Associação Paulista de Imprensa agoniza subjugada aos interesses do advogado Sérgio de Azevedo Redó, que a transformou em trampolim para autopromoção. A credibilidade da octogenária instituição desce pelo ralo enquanto o presidente impostor continua na direção, com o mandato vencido a mais de três anos


Sérgio Redó: autopromoção à custa da A.P.I.
O advogado Sérgio de Azevedo Redó reduziu a Associação Paulista de Imprensa (A.P.I.) a trampolim para a sua promoção pessoal. Desde que se reelegeu presidente fraudando o estatuto, em 2012, ele usa o prestígio do cargo para se autopromover no universo jurídico e fazer tráfico de influência junto a autoridades políticas a fim de tentar obter favores para si e seus amigos.
Cópias de e-mails a que esta repórter teve acesso denunciam que Sérgio Redó usa o programa de tevê da A.P.I., o Sala de Imprensa, para tentar fazer barganha, inclusive com ministros do governo Dilma Rousseff. Redó acionou Brasília para ingerir no Judiciário de São Paulo. Curiosamente, no Tribunal Regional do Trabalho, onde ele colocou a A.P.I. no banco dos réus.
Redó enviou ofícios a três ex-ministros pedindo-lhes que indicassem a sua amiga, a advogada Ana Martha Ladeira, a uma das duas vagas de desembargador do TRT/ 2ª Região. Em troca, oferecia-lhes espaço no programa de tevê da A.P.I. para que divulgassem “o seu excelente trabalho à frente dos seus Ministérios”.
Para favorecer a amiga advogada – o nome dela estava na lista tríplice dos candidatos a desembargador do trabalho do TRT/2ª Região –, Redó fez a proposta aos ex-ministros José Eduardo Martins Cardozo, da Justiça, Carlos Eduardo Gabas, da Previdência Social, e Aluisio Mercadante, então ministro chefe da Casa Civil. Eles ocupavam os ministérios quando houve as investidas de Redó.
Os ofícios de aliciamento foram enviados pelo e-mail da A.P.I. e Redó pede pela amiga se apresentando como o presidente da entidade. Apesar dos ex-ministros não terem atendido ao seu pedido – a advogada amiga dele não assumiu a vaga no TRT –, as falcatruas do pseudopresidente surtem o efeito de um tsunami na A.P.I., abalando a sua estrutura, as suas finanças, e principalmente, a sua imagem.
Em prol de si mesmo, Sérgio Redó concedeu um Diploma de Honra ao Mérito ao Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil por ocasião da Rio+20, no Rio de Janeiro. Questionado sobre qual seria a importância do fato para os associados da A.P.I., o seu diretor de Honrarias e Méritos, Galdino Cocchiaro, alega nunca ter assinado tal diploma.
O desleixo com a A.P.I. é notado por qualquer pessoa que visita a associação. O prédio, localizado no bairro Liberdade, encontra-se em estado deplorável. O elevador não funciona a mais de 10 dias e a sede está sem telefone e sem internet. Redó preferiu não contestar as denúncias, ignorando as mensagens enviadas a ele por whatsapp.

 Jornalista Pedro Nastri denuncia
crimes contra patrimônio cultural
Nastri: É preciso fazer novas eleições e salvar a A.P.I.
O jornalista e escritor Pedro Nastri denuncia que Sérgio Redó desmontou a biblioteca da A.P.I., desaparecendo com a sua hemeroteca e o seu acervo iconográfico. A hemeroteca era composta de exemplares raros dos jornais Diário da Noite, Correio Paulistano, Farol Paulistano, entre outros publicados na época, e o acervo iconográfico continha dezenas de obras de arte como quadros, retratos e gravuras.
De acordo com Pedro Nastri, o pseudopresidente sumiu com os originais de escritores famosos que pertenciam a biblioteca da A.P.I. e faziam parte do patrimônio histórico cultural do Brasil. Segundo ele, Redó mandou jogar fora os originais de Guilherme de Almeida, Monteiro Lobato, Menotti Del Picchia e Cásper Libero. 
Todos esses escritores que tiveram os seus originais descartados por Redó fizeram parte da Semana de Arte Moderna, a histórica Semana de 22, que ocorreu em São Paulo entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal. “Redó mandou despejar tudo na caçamba de lixo”, frisa Nastri.
Ele conta que além de deixar a A.P.I. sem os seus registros históricos, Sérgio Redó sumiu com os móveis do acervo da entidade e destruiu o auditório, de 180 lugares, para dar abrigo a um cursinho preparatório de ENEM, que sequer cumpriu o contrato.
Nastri revela que a A.P.I. virou ré em inúmeras ações judiciais, civis e trabalhistas – Redó tentou encaixar uma advogada amiga no TRT –  acrescentando que a instituição perdeu os títulos de utilidade pública e está mergulhada em dívidas. “Nunca, em toda a história da entidade, houve uma administração tão nefasta quanto está, analisa.
O jornalista afirma categórico que a A.P.I. está jogada às traças e acha curioso que nomes como Milton Neves, Marcelo Rezende, Celso Russomanno, entre outros, façam parte da diretoria sem se incomodar com as atitudes do presidente impostor e o malefício que elas causam a entidade.
Pedro Nastri defende a realização rápida de novas eleições para formar uma nova diretoria, colocar a instituição em ordem e punir civil e criminalmente os responsáveis pelo sucateamento da A.P.I..
Nastri, que se desligou da direção em 2012 por discordar das tramóias de Redó, está terminando de escrever um livro sobre a trajetória da A.P.I. “A era Redó será a parte mais triste do meu livro”, lamenta o jornalista, que é também historiador da cidade de São Paulo.

A.P.I. criticada em rede social
por causa do Sala de Imprensa
O programa da A.P.I. mais parece canal de divulgação do TJ/SP
O jornalista Pedro Nastri está correto quando diz que Sérgio Redó barganhou o aluguel do 6º andar para a ACESP - Associação dos Canais Comunitários de São Paulo, trocando o valor de locação por um horário na TV Aberta, a fim de alavancar a sua imagem, satisfazendo seu ego, e tendo por convidados seus pares na área do Direito.
De fato, a principal tribuna de autopromoção de Sérgio Redó é o programa de televisão da A.P.I., o Sala de Imprensa. Lá, o pseudopresidente prioriza as entrevistas promocionais com juízes, desembargadores de Justiça, presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo; vereadores, deputados, secretários de Estado.
Além de magistrados e políticos, Redó gosta de entrevistar pessoas da chamada alta sociedade, a exemplo do médico Herbert Gauss Júnior, que em 2007 teve o registro profissional cassado pelo CRM de São Paulo, punição que foi referendada pelo Conselho Federal de Medicina. A entrevista do cirurgião plástico no programa de tevê da A.P.I. despertou a ira de pessoas que afirmam ter sido mutiladas pelo convidado de Redó.
No vídeo da entrevista, postado no You Tube, o internauta Joaquim Oliveira dispara: “Não entendo porque essa tal associação de imprensa dá apoio a um elemento desse... conheço muitas histórias escabrosas desse cidadão... desonestidade de toda sorte e ainda é bajulado...absurdo total!
Outra internauta opina: Lixo!!!! O pior medico do mundo. Coitada de mim que cai na mão desse lixo e estou toda deformada. A mulher continua: “fujam deste mutilador, já passei por duas intervenções com Herbert Gauss Júnior e não sei qual ficou pior. Ele é um açougueiro de quinta categoria, tome cuidado com a lábia dele”.
Outro entrevistado no Sala de Imprensa é o ex-ministro da previdência Social, Carlos Gabas, condenado por mentir em processo judicial, em 2005. Gabas é um dos três ex-ministros para quem Redó ofereceu nova entrevista no programa depois que ele ingerisse em favor da advogada Ana Ladeira para ela ocupar a vaga no TRT.
De vez em quando Redó entrevista alguns apresentadores de tevê, dando a impressão de que o programa segue a linha editorial de divulgar assuntos relacionados a comunicação. Mas a maioria dos entrevistados é do universo jurídico.



Empresa de motoboy cobra
 dívida da A.P.I. 148 vezes
Motoboys tentam, desde 2013, receber dívida de Redó

Reza o dito popular que água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Deve ser esse o principal incentivo para a empresa Rap 10 Motoboys Ltda. não desistir de receber R$2.050,00 que a A.P.I. lhe deve referente a serviços prestados a entidade. O calote se arrasta desde 2013.
Um funcionário da firma conta já enviou 148 mensagens para o e-mail da A.P.I. cobrando o dinheiro, mas não recebeu sequer uma desculpa para o não pagamento. “Nós enviamos uma média de cinco e-mails por dia e não desistiremos, pois aqui trabalha pais de família que precisam receber”, reclama o funcionário.
Na era Redó a A.P.I. adquire a fama de caloteira porque todo o dinheiro que entra na conta que a instituição mantém no Banco Itaú é imediatamente sacado pelo pseudopresidente Redó, como foi denunciado na reportagem anterior, “pseudopresidente sucateia Associação Paulista de Imprensa.” Enquanto Redó monopoliza as verbas da instituição, as cartas de cobrança se acumulam na A.P.I.
São dívidas com a Sabesp, que cortou o fornecimento de água a mais de um ano, com a Eletropaulo, com empresas de caminhões pipa, que já não querem mais vender água para a entidade por medo de não receber. Por causa também dos calotes, a credibilidade da A.P.I. está fragilizada. Porém, o advogado Sérgio Redó se mantém firme no cargo, e tirando o máximo de proveito que ele possa lhe proporcionar.



2 comentários:

  1. José Eduardo Martins Cardozo, Dilma Roussef, Ministros...
    Será que a Lava Jato chega na API?
    Ou o presidente Redó leva o Sérgio Moro no programa?

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  2. Desculpe Sra. Edna, mas onde se lê "Segundo ele, Redó mandou jogar fora os originais de Guilherme de Almeida, Monteiro Lobato, Menotti Del Picchia e Casseb Libero", não seria Cásper Líbero?

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