18 de outubro de 2016

Rombo nos cofres da A.P.I. deve ultrapassar R$ 200 mil

                         O Ministério Público de São Paulo precisa intervir urgente junto ao Judiciário para conceder aos jornalistas a reintegração de posse da Associação Paulista de Imprensa. Ocupada ilegalmente pelo advogado Sérgio Redó desde 2012, a octogenária entidade está falindo com os sucessivos desvios de verbas praticados pelo pseudopresidente


As artimanhas que Sérgio Redó faz nas finanças da A.P.I. irritam até o amigo dele,  o administrador Zé Alfredo
Quase 100 anos após ser fundada, a Associação Paulista de Imprensa (A.P.I.) corre o risco de fechar as portas se não for devolvida aos jornalistas imediatamente. À mercê dos esquemas corruptos do advogado Sérgio de Azevedo Redó desde 2012, quando ele fraudou o estatuto para tentar se perpetuar na Presidência, a instituição sofre incessantes desfalques em suas finanças. O rombo pode exceder R$ 200 mil.
Documentos contábeis em poder desta repórter denunciam: Sérgio Redó desvia dinheiro da A.P.I. até para igreja evangélica! Um templo denominado de “Poderoso Deus” teria recebido quase R$ 800,00 de uma só vez. O advogado detém a movimentação exclusiva da conta bancária da associação, o que é ilegal também. De posse de um cartão magnético, ele faz saques em dinheiro, inclusive de madrugada, para arcar com as suas despesas pessoais.
A anatomia do desastre financeiro provocado por Redó foi realizada nos relatórios anuais de caixa da A.P.I. e na conta que ela mantém no banco Itaú. O estudo preliminar, referente ao período de 2013 a 2015, mostra que o advogado desvia dinheiro para saldar dívidas estranhas às atribuições da entidade, a exemplo de pagamentos de comissão de aluguel de salas do edifício-sede e outras despesas desconhecidas, e não comprovadas.
De acordo com a análise, existem indícios fortes de desvios e apropriação indevida de verbas da associação em benefício de Sérgio Redó, presidente fictício, cujo mandato venceu a quase quatro anos. O dinheiro embolsado pelo pseudopresidente é oriundo dos aluguéis de salas do prédio e dos pagamentos de anuidades dos associados.
O relatório conclui que existem provas cabais de má gestão financeira e de prática de falcatruas com o dinheiro arrecadado. Segundo o contador Eduardo Martins, responsável pela análise, só uma auditoria financeira será capaz de esclarecer todas as irregularidades, como os altos valores gastos com alimentação e até com festejos carnavalescos.

Pagamentos suspeitos
maquiam as fraudes?
As conversas entre o pseudopresidente Redó e Zé Alfredo alertam: A A.P.I. .precisa ser devolvida urgente aos jornalistas
Conhecido pelos calotes que dá em servidores da A.P.I. – o profissional não trabalha mais de dois ou três meses e sai sempre pela falta de pagamento – Sérgio Redó alega que pagou R$ 25 mil de salário para uma secretária, Thais Amorim (?!!!).  O ordenado é incompatível com a função e com a receita da entidade. Fontes afirmam que a moça não recebeu de Redó sequer o salário de secretária. “Thays só não amargou prejuízo porque uma terceira pessoa ligada à entidade pagou o dinheiro dela”, acrescentam.
Em dois dias apenas – 18 e 19 de dezembro de 2013 –, Redó tirou dos cofres da A.P.I. R$ 4.945,80 para “pagamentos” não comprovados a Michele Jesus Santos, Robson de Freitas Carvalho, Luiz Fernando Toledo Antunes, Simone Lara Martins, além da Igreja Evangélica Poderoso Deus. 
                  À exceção do jornalista Luiz Fernando Toledo, que alega ter trabalhado na A.P.I. em 2013 e que o dinheiro recebido seria fruto do seu trabalho feito, não se tem notícia dessas pessoas prestando serviços para a entidade. Corre à boca miúda que Redó as teria usado como laranjas para tentar maquiar os desvios de verbas.
No início de 2013 Redó teria pago R$ 3.600,00 de comissão do aluguel do 5º andar do prédio da A.P.I. (?!!!) O pagamento injustificável foi dividido em cinco parcelas, quatro delas pagas num único dia, sete de janeiro, o que leva a crer que as comissões teriam beneficiado pessoas diferentes.
No dia sete foram pagas três parcelas de R$ 150,00 e uma de R$ 100,00. No dia seguinte, oito de janeiro, houve o pagamento de mais uma parcela de comissão, no valor de R$ 3.050,00. Somente uma investigação mais apurada nas contas da A.P.I. vai esclarecer os pagamentos suspeitos feitos por Redó.
Sérgio Redó tenta reduzir a A.P.I. a uma mera administradora de locação de salas, mas parece não ter talento para isso também. Em 2013, quando o pseudopresidente iniciou a segunda gestão – o mandato foi “conquistado” mediante estatuto fraudado – , entidade faturou R$ 287.130,87 com aluguéis de salas durante o ano. Em 2014, a locação teria rendido somente R$ 112.329,74. A queda de R$ 174.801,13 na arrecadação de aluguéis só será esclarecida também por uma auditoria financeira.

Sérgio Redó fundou igreja evangélica?!
Quem é o dono da "igreja-empresa" fundada em 2010, um ano depois de Redó assumir a A.P.I. e para quem ele entrega o dinheiro da entidade?

Estranhamente, a Igreja Evangélica Poderoso Deus, para quem Sérgio Redó desvia o dinheiro da A.P.I.  – o pseudopresidente se declara Kardecista –, foi fundada em 2010, um ano depois de ele assumir a Presidência. Mais estranho ainda é o fato da igreja identificar o seu perfil na web como sendo uma empresa privada, e com um único templo, que estaria localizado na Rua Joaquim Afonso De Souza 382, na cidade de São Paulo.
Mais estranho ainda é o fato da “igreja evangélica” que recebe dinheiro da A.P.I., se posicionar na internet como uma “empresa de capital privado” e em plena ascensão financeira. No perfil da igreja o dono desconhecido do templo “Poderoso Deus” se vangloria:
__ “Esta empresa de capital privado foi fundada no ano de 2010 (quatro anos atrás). Igreja Evangélica Poderoso Deus encontra-se em funcionamento a menos de 9 anos do que a expectativa média de vida para uma empresa no Brasil, e a menos de 12 anos da expectativa média de vida para uma empresa do segmento de organizações religiosas” (sic).
A história da A.P.I. x Igreja-Empresa fica estranhíssima quando o dono desconhecido do “templo religioso” afirma no perfil da web que emprega cinco pessoas – a análise nas contas da entidade identificou cinco pagamentos estranhos para pessoas cujos nomes são precedidos pela sigla “ROUNBCUBE”, incluindo a Igreja Evangélica Poderoso Deus.

Administrador da A.P.I. ameaça
tomar de Redó cartão do banco
Zé Alfredo ameaça tomar cartão bancário de Sergio Redó como única forma de barrar as fraudes nos cofres  da A..P..I.
Os sucessivos desfalques de Sérgio Redó no caixa da A.P.I. são tão escancarados que irritou até o amigo dele, José Alfredo Machado de Assis, responsável pela administração. Zé Alfredo, como é chamado, ameaçou tomar o cartão magnético de Redó como única forma de barrar os desvios de dinheiro.
Em conversa com o pseudopresidente, via whatsapp, Zé Alfredo reclama que não sabe como vai fazer para conciliar as saídas e saques da conta bancária, acrescentando que não saberá explicar o que aconteceu com os valores constantes no extrato bancário em 2013 a 2015. “Vou tirar de você o cartão do banco. É sério”.
Zé Alfredo avisa, em outra mensagem, que Rose Campos estava irritadíssima com Redó por ele nunca ter feito nenhuma prestação de contas, por ter sumido com as fotos e os quadros que pertenciam à instituição; por fazer promoção pessoal à custa do programa de tevê da A.P.I., o Sala de Imprensa, por estar designando diretores mesmo sabendo que a situação dele (a de Redó) não permite. “Rose disse que atualmente você só pensa na sua autopromoção”, observa o amigo.
A preocupação de Zé Alfredo não é por acaso. De janeiro a dezembro de 2013, entrou nos cofres da A.P.I. R$ 211.649,21 e Redó não esclarece como o dinheiro foi gasto. Durante o ano seguinte, 2014, teria entrado apenas R$ 34.544,00 no caixa. A queda de R$ 177.105,21 na receita é mais uma incógnita que Redó não explica aos associados.
                Em 2015 a situação financeira se agrava, pois os créditos foram de apenas 10.578,90, quando deveria ter disponível em caixa R$ 189.561,19. Em suma, o pseudopresidente está falindo a A.P.I. Zé Alfredo sabe que uma hora ele poderá ter de prestar contas à Justiça, junto com o amigo Redó, sobre o paradeiro do dinheiro da Associação Paulista de Imprensa. 

  Luiz Fernando justifica dinheiro recebido da AP.I.
Em mensagem enviada por e-mail, o jornalista Luiz Fernando Toledo Antunes – o nome dele aparece na análise contábil preliminar como um dos beneficiários pelos pagamentos não comprovados de Sérgio Redó –, esclarece que recebeu dinheiro da A.P.I. sim , mas que teria sido proveniente de trabalhos que ele prestou para a entidade em 2013.
Luiz Fernando escreve na mensagem que tem como “comprovar todos os serviços prestados e pagamentos recebidos por tais serviços”, mas não enviou nenhum documento comprobatório.
O jornalista diz, equivocadamente, que esta repórter o teria acusado de “laranja”. Essa acusação jamais foi feita a ele ou às outras pessoas citadas nos documentos contábeis que denunciam os pagamentos não comprovados.
O texto mal interpretado por Luiz Fernando é claríssimo: corre à boca miúda que Redó as teria usado – usado as pessoas envolvidas –, como laranjas para tentar maquiar os desvios de verbas. O fato é, Redó não comprova os tais pagamentos e só uma investigação do MP será capaz de esclarecer a obscuridade que envolve a sofrida A.P.I., principalmente na parte financeira.
Luiz Fernando solicita a retirada do nome dele da matéria e ao mesmo tempo a retratação da matéria (sic), sob pena de “procurar os seus direitos”. Esta repórter pede desculpa ao escriba por não ter a menor ideia de como seria possível fazer essas duas coisas ao mesmo tempo. 
               O ideal, para não negar os fatos revelados pela perícia, é publicar a versão de Luiz Fernando Toledo, pois o nome dele continua nos documentos contábeis, na parte em que a perícia contábil constata os pagamentos não comprovados de Sérgio Redó. 



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