O Ministério Público de São Paulo precisa
intervir urgente junto ao Judiciário para conceder aos jornalistas a
reintegração de posse da Associação Paulista de Imprensa. Ocupada ilegalmente
pelo advogado Sérgio Redó desde 2012, a octogenária entidade está falindo com os
sucessivos desvios de verbas praticados pelo pseudopresidente
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As artimanhas que Sérgio Redó faz nas finanças da A.P.I. irritam até o amigo dele, o administrador Zé Alfredo |
Quase 100 anos
após ser fundada, a Associação Paulista de Imprensa (A.P.I.) corre o risco de fechar
as portas se não for devolvida aos jornalistas imediatamente. À mercê dos
esquemas corruptos do advogado Sérgio de Azevedo Redó desde 2012, quando ele
fraudou o estatuto para tentar se perpetuar na Presidência, a instituição sofre
incessantes desfalques em suas finanças. O rombo pode exceder R$ 200 mil.
Documentos
contábeis em poder desta repórter denunciam: Sérgio Redó desvia dinheiro da
A.P.I. até para igreja evangélica! Um templo denominado de “Poderoso Deus”
teria recebido quase R$ 800,00 de uma só vez. O advogado detém a movimentação exclusiva da
conta bancária da associação, o que é ilegal também. De posse de um cartão
magnético, ele faz saques em dinheiro, inclusive de madrugada, para arcar com
as suas despesas pessoais.
A anatomia do
desastre financeiro provocado por Redó foi realizada nos relatórios anuais de
caixa da A.P.I. e na conta que ela mantém no banco Itaú. O estudo preliminar,
referente ao período de 2013 a 2015, mostra que o advogado desvia dinheiro para
saldar dívidas estranhas às atribuições da entidade, a exemplo de pagamentos de
comissão de aluguel de salas do edifício-sede e outras despesas desconhecidas,
e não comprovadas.
De acordo com a
análise, existem indícios fortes de desvios e apropriação indevida de verbas da
associação em benefício de Sérgio Redó, presidente fictício, cujo mandato
venceu a quase quatro anos. O dinheiro embolsado pelo pseudopresidente é
oriundo dos aluguéis de salas do prédio e dos pagamentos de anuidades dos
associados.
O relatório conclui
que existem provas cabais de má gestão financeira e de prática de falcatruas
com o dinheiro arrecadado. Segundo o contador Eduardo Martins, responsável pela
análise, só uma auditoria financeira será capaz de esclarecer todas as irregularidades,
como os altos valores gastos com alimentação e até com festejos carnavalescos.
Pagamentos suspeitos
maquiam as fraudes?
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As conversas entre o pseudopresidente Redó e Zé Alfredo alertam: A A.P.I. .precisa ser devolvida urgente aos jornalistas |
Conhecido pelos
calotes que dá em servidores da A.P.I. – o profissional não trabalha mais de
dois ou três meses e sai sempre pela falta de pagamento – Sérgio Redó alega que
pagou R$ 25 mil de salário para uma secretária, Thais Amorim (?!!!). O ordenado é incompatível com a função e com a
receita da entidade. Fontes afirmam que a moça não recebeu de Redó sequer o salário
de secretária. “Thays só não amargou prejuízo porque uma terceira pessoa ligada
à entidade pagou o dinheiro dela”, acrescentam.
Em dois dias
apenas – 18 e 19 de dezembro de 2013 –, Redó tirou dos cofres da A.P.I. R$
4.945,80 para “pagamentos” não comprovados a Michele Jesus Santos, Robson de Freitas Carvalho, Luiz Fernando
Toledo Antunes, Simone Lara Martins, além da Igreja Evangélica Poderoso Deus.
À exceção do jornalista Luiz Fernando Toledo, que alega ter trabalhado na A.P.I. em 2013 e que o dinheiro recebido seria fruto do seu trabalho feito, não se tem notícia dessas pessoas prestando serviços para a entidade. Corre à boca miúda que Redó as teria usado como laranjas para tentar maquiar os desvios de verbas.
À exceção do jornalista Luiz Fernando Toledo, que alega ter trabalhado na A.P.I. em 2013 e que o dinheiro recebido seria fruto do seu trabalho feito, não se tem notícia dessas pessoas prestando serviços para a entidade. Corre à boca miúda que Redó as teria usado como laranjas para tentar maquiar os desvios de verbas.
No início de
2013 Redó teria pago R$ 3.600,00 de comissão do aluguel do 5º andar do prédio
da A.P.I. (?!!!) O pagamento injustificável foi dividido em cinco parcelas,
quatro delas pagas num único dia, sete de janeiro, o que leva a crer que as
comissões teriam beneficiado pessoas diferentes.
No dia sete
foram pagas três parcelas de R$ 150,00 e uma de R$ 100,00. No dia seguinte,
oito de janeiro, houve o pagamento de mais uma parcela de comissão, no valor de
R$ 3.050,00. Somente uma investigação mais apurada nas contas da A.P.I. vai
esclarecer os pagamentos suspeitos feitos por Redó.
Sérgio Redó tenta
reduzir a A.P.I. a uma mera administradora de locação de salas, mas parece não
ter talento para isso também. Em 2013, quando o pseudopresidente iniciou a
segunda gestão – o mandato foi “conquistado” mediante estatuto fraudado – ,
entidade faturou R$ 287.130,87 com aluguéis de salas durante o ano.
Em 2014, a locação teria rendido somente R$ 112.329,74. A queda de R$
174.801,13 na arrecadação de aluguéis só será esclarecida também por uma
auditoria financeira.
Sérgio Redó fundou igreja evangélica?!
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Quem é o dono da "igreja-empresa" fundada em 2010, um ano depois de Redó assumir a A.P.I. e para quem ele entrega o dinheiro da entidade? |
Estranhamente, a
Igreja Evangélica Poderoso Deus, para quem Sérgio Redó desvia o dinheiro da
A.P.I. – o pseudopresidente se declara
Kardecista –, foi fundada em 2010, um ano depois de ele assumir a Presidência.
Mais estranho ainda é o fato da igreja identificar o seu perfil na web como
sendo uma empresa privada, e com um
único templo, que estaria localizado na Rua Joaquim Afonso De Souza 382, na cidade de São
Paulo.
Mais estranho ainda é o fato da “igreja evangélica”
que recebe dinheiro da A.P.I., se posicionar na internet como uma “empresa de
capital privado” e em plena ascensão financeira. No perfil da igreja o dono
desconhecido do templo “Poderoso Deus” se vangloria:
__ “Esta empresa de capital privado foi fundada no ano
de 2010 (quatro anos atrás). Igreja Evangélica Poderoso Deus encontra-se em
funcionamento a menos de 9 anos do que a expectativa média de vida para uma
empresa no Brasil, e a menos de 12 anos da expectativa média de vida para uma
empresa do segmento de organizações religiosas” (sic).
A história da A.P.I. x Igreja-Empresa fica
estranhíssima quando o dono desconhecido do “templo religioso” afirma no perfil
da web que emprega cinco pessoas – a análise nas contas da entidade identificou
cinco pagamentos estranhos para pessoas cujos nomes são precedidos pela sigla
“ROUNBCUBE”, incluindo a Igreja Evangélica Poderoso Deus.
Administrador da A.P.I. ameaça
tomar de Redó cartão do banco
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Zé Alfredo ameaça tomar cartão bancário de Sergio Redó como única forma de barrar as fraudes nos cofres da A..P..I. |
Os sucessivos desfalques
de Sérgio Redó no caixa da A.P.I. são tão escancarados que irritou até o amigo
dele, José Alfredo Machado de Assis, responsável pela administração. Zé
Alfredo, como é chamado, ameaçou tomar o cartão magnético de Redó como única forma
de barrar os desvios de dinheiro.
Em conversa com
o pseudopresidente, via whatsapp, Zé Alfredo reclama que não sabe como vai
fazer para conciliar as saídas e saques da conta bancária, acrescentando que
não saberá explicar o que aconteceu com os valores constantes no extrato
bancário em 2013 a 2015. “Vou tirar de você o cartão do banco. É sério”.
Zé Alfredo
avisa, em outra mensagem, que Rose Campos estava irritadíssima com Redó por ele
nunca ter feito nenhuma prestação de contas, por ter sumido com as fotos e os quadros
que pertenciam à instituição; por fazer promoção pessoal à custa do programa de
tevê da A.P.I., o Sala de Imprensa, por estar designando diretores mesmo
sabendo que a situação dele (a de Redó) não permite. “Rose disse que atualmente
você só pensa na sua autopromoção”, observa o amigo.
A preocupação de
Zé Alfredo não é por acaso. De janeiro a dezembro de 2013, entrou nos cofres da
A.P.I. R$ 211.649,21 e Redó não esclarece como o dinheiro foi gasto. Durante o
ano seguinte, 2014, teria entrado apenas R$
34.544,00 no caixa. A queda de R$ 177.105,21 na receita é mais uma incógnita
que Redó não explica aos associados.
Em 2015 a situação financeira se agrava, pois os
créditos foram de apenas 10.578,90, quando deveria ter disponível em caixa R$
189.561,19. Em suma, o pseudopresidente está falindo a A.P.I. Zé Alfredo
sabe que uma hora ele poderá ter de prestar contas à Justiça, junto com o amigo
Redó, sobre o paradeiro do dinheiro da Associação Paulista de Imprensa.
Luiz
Fernando justifica dinheiro recebido da AP.I.
Em mensagem
enviada por e-mail, o jornalista Luiz
Fernando Toledo Antunes – o nome dele aparece na análise contábil preliminar como
um dos beneficiários pelos pagamentos não comprovados de Sérgio Redó –, esclarece
que recebeu dinheiro da A.P.I. sim , mas que teria sido proveniente de trabalhos
que ele prestou para a entidade em 2013.
Luiz Fernando escreve na mensagem que tem como “comprovar
todos os serviços prestados e pagamentos recebidos por tais serviços”, mas não
enviou nenhum documento comprobatório.
O jornalista diz, equivocadamente, que esta repórter
o teria acusado de “laranja”. Essa acusação jamais foi feita a ele ou às outras
pessoas citadas nos documentos contábeis que denunciam os pagamentos não comprovados.
O texto mal interpretado por Luiz Fernando é
claríssimo: corre à boca miúda que Redó as teria usado – usado as pessoas
envolvidas –, como laranjas para tentar maquiar os desvios de verbas. O fato é,
Redó não comprova os tais pagamentos e só uma investigação do MP será capaz de
esclarecer a obscuridade que envolve a sofrida A.P.I., principalmente na parte
financeira.
Luiz Fernando
solicita a retirada do nome dele da matéria e ao mesmo tempo a retratação da
matéria (sic), sob pena de “procurar os seus direitos”. Esta repórter pede
desculpa ao escriba por não ter a menor ideia de como seria possível fazer essas
duas coisas ao mesmo tempo.
O ideal, para não negar os fatos revelados pela perícia, é publicar a versão de Luiz Fernando Toledo, pois o nome dele continua nos documentos contábeis, na parte em que a perícia contábil constata os pagamentos não comprovados de Sérgio Redó.
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