Contratada
pela prefeitura por meio de licitações fraudulentas, a empresa
Talentos Artes Gráficas era usada para fins eleitoreiros,
confeccionando material publicitário de promoção pessoal do
prefeito Maguito Vilela (PMDB) e de seus aliados políticos.
Batizada pelo Ministério Público de “a farra das faixas”, a
maracutaia provocou um rombo de quase R$ 500 mil aos cofres do
município
Corrupção em Aparecida de Goiânia
O Ministério Público desbaratou mais um esquema
corrupto montado na prefeitura de Aparecida de Goiânia para desviar
dinheiro do município. Lançando mão de licitações fraudadas, de
cartas marcadas, o prefeito Maguito Vilela (PMDB) contratou diversas
vezes a empresa Talentos Artes Gráficas e Comunicação para fazer a
sua promoção pessoal e a de seus apaniguados políticos. Ele pagou
tudo com verbas públicas.
A falcatrua somou um prejuízo de quase meio milhão aos
cofres de Aparecida de Goiânia e começou em 2009, quando a
Talentos Artes Gráficas fez o primeiro acordo ilegal com o então
secretário de Comunicação Social do município, Helton Lenine. A
corrupção, os contratos ilícitos e os desvios de verbas
continuaram até novembro do ano passado, na gestão do secretário
Júlio Lemos, sucessor de Lenine.
A empresa recebia dinheiro da
prefeitura para confeccionar faixas, banners, cavaletes, mini
outdoors, camisetas e adesivos de afixar em vidros de carros que
autopromovessem Maguito Vilela e seu grupo político. O vice-prefeito
Ozair José da Silva, a primeira dama Carmem Sílvia Estevão de
Oliveira, secretários, vereadores e outros apaniguados do
peemedebista se beneficiaram do esquema.
Para tentar driblar a lei, o
contrato entre a prefeitura e a empresa Talentos previa que as faixas
deveriam conter frases e mensagens de caráter educativo, informativo
ou de orientação social, conforme prevê a Constituição Federal.
Mas o material publicitário teve como único objetivo engrandecer
politicamente Maguito Vilela.
A atitude do prefeito fere os
princípios da moralidade administrativa, da impessoalidade e da
publicidade institucional, pois as mensagens tinham como especial
motivação gerar um destaque pessoal, uma supervalorização
política dele. Maguito não foi localizado para contestar a
denúncia.
Secretários participam da
trama
O esquema da “farra das faixas”
foi investigado pelo promotor de Justiça Élvio Vicente da Silva,
titular da 9ª Promotoria de Aparecida (Defesa do Patrimônio
Público). Ele ofereceu denúncia contra o prefeito e mais 19 aliados
políticos envolvidos na tramoia custeada com o dinheiro do
contribuinte.
Além de Maguito Vilela, da
primeira dama Carmem Sílvia e do vice-prefeito Ozair José, são
réus no processo do MP o secretário de Comunicação Social, Ozéias
Laurentino Júnior, secretário da Fazenda Carlos Eduardo de Paula
Rodrigues, secretário da Educação Domingos Pereira e o diretor do
Procon Adebalde Marinho Rezende, ex-secretário de Governo e
coordenador de campanha política.
O bando que se beneficiou das
verbas desviadas da prefeitura para se autopromover politicamente é
composto ainda pelos ex-secretários Helton Lenine (Comunicação
Social), Nei Sílvio de Oliveira (Esporte e Lazer), Urias Simão da
Costa (Cultura e Turismo), Walbênio Geraldo de Oliveira
(Desenvolvimento Urbano).
O promotor de Justiça encaminhou
cópia da Ação Civil Pública a Polícia Civil, que deve investigar
as fraudes nos processos licitatórios e identificar todos os
envolvidos na trama que permitiu a prefeitura contratar a empresa
Talentos Artes Gráficas ao arrepio da lei.
Vereadores cúmplices do
prefeito
O cidadão aparecidense que paga
impostos e se sente lesado pela prefeitura não vai encontrar socorro
na Câmara Municipal. O MP descobriu que muitos vereadores são
cúmplices de Maguito e também foram beneficiados com as propagandas
de cunho eleitoreiro.
O promotor de Justiça Élvio
Vicente ofereceu denúncia contra os vereadores William Ludovico –
vice-presidente da Câmara Municipal – , Francisco Glésio dos
Santos, vulgo “Gaguinho”, Gilson Rodrigues da Mata, o Gilsão Meu
Povo, Rosildo Manoel da Silva e João Antônio Borges, ex-presidente
da Câmara.
Os políticos beneficiados com a
farra das faixas se completa com os suplentes de vereadores José
Ribamar Gomes de Souza, Júlio Cézar Rodrigues de Lemos, o
ex-vereador Vilmar Mariano da Silva e o ex-coordenador da Secretaria
de Comunicação, Amin Miguel Neto. A Talentos Artes Gráficas se
locupletou com o dinheiro público e também foi denunciada pelo
promotor Élvio Vicente.
Maguito e os demais réus
cometeram, deliradamente, improbidade administrativa, conhecida
vulgarmente por corrupção. O MP pede a condenação de todos os
envolvidos no escândalo. Se condenados, eles perdem o mandato e
terão de devolver o dinheiro que desviaram da prefeitura. O desfecho
do caso vai depender da disposição do Judiciário.
Empresário pagou propina para
servidor da Comunicação
Social
O dono da Talentos Artes Gráficas,
Welber Barbosa Iglesias foi quem denunciou a trama ao Ministério
Público. Ele alega que foi obrigado a descumprir o contrato e fazer
publicidade autopromocional sob a ameaça de não receber o dinheiro
que a prefeitura já lhe devia pelos serviços ilegais prestados.
Welber acusa o vice-prefeito Ozair
José de ter lhe pressionado para tomar emprestado um cheque de R$
6.800,00 quando foi a Secretaria de Comunicação cobrar a dívida da
prefeitura. Ele diz que emprestou o dinheiro porque teve receio de
que se não o fizesse, levaria o calote. O MP afirma que na eleição
de 2010 cerca de R$ 200 mil foram desviados dos cofres públicos para
pagar a Talentos a confecção do material de campanha política de
Ozair José, então candidato a deputado estadual.
O empresário alega ainda que à
época Ozair José teria lhe coagido a fornecer uma nota fiscal
eletrônica fria no valor de R$ 8 mil para ser apresentada na
prestação de contas dos gastos de campanha junto ao Tribunal
Regional Eleitoral - TRE. Welber aceitou colaborar com a fraude.
Na campanha política de 2010 o
prefeito autorizou a Talentos confeccionar 1.500 camisetas com as
cores do Partido dos Trabalhadores e com os dizeres “Lula e
Maguito, juntos por Aparecida”. Também cabia a empresa produzir
faixas, banners, cavaletes, mini-outdoors e seethru – adesivos
transparentes que são afixados nos vidros dos carros –, de cunho
puramente eleitoreiro.
Welber diz que em três ocasiões
teve de pagar propinas que totalizaram R$ 18 mil ao ex-coordenador da
Secretaria de Comunicação Social, Amin Miguel, para não perder o
negócio, ilegal, que mantinha com a prefeitura. Pressionado ou não,
ele assinou quatro contratos através de licitações fraudulentas e
embolsou quase meio milhão dos cofres de Aparecida para autopromover
Maguito Vilela e seus aliados.
Além disso, o dono da Talentos
Artes Gráficas participou ativamente das licitações de cartas
marcadas que tanto beneficiaram a sua empresa com dinheiro desviado
da prefeitura. Era ele quem convidava empresários do mesmo ramo para
participarem da concorrência fraudada a fim de maquiar o processo
licitatório e dar-lhe um caráter de legalidade.
Esse cara sou eu
A saúde pública de Aparecida
padece na UTI. Na educação sobra denúncias de falcatruas, a
exemplo de concurso público anulado por causa de fraudes e baratas
encontradas na merenda escolar. O transporte público é precário,
assim como os serviços de infra estrutura, conforme constatou a
Controladoria Geral da União quando fiscalizou o município e
encontrou também falcatruas na aplicação de verbas federais
repassadas a prefeitura.
Porém, as faixas, banners, mini
outdoors, cavaletes e adesivos que Maguito Vilela manda espalhar em
pontos estratégicos da cidade se autopromovendo – o material
publicitário é pago com o dinheiro público – induzem o incauto
visitante a associa-lo, no mínimo, com o personagem da música de
Roberto Carlos, “Esse cara sou eu”: Eis algumas das faixas que
enaltecem o prefeito e custaram quase meio milhão aos cofres de
Aparecida de Goiânia:
“Prefeito
Maguito Vilela vai aos bairros ouvir a comunidade”
“Saúde
Pública, uma das prioridades na gestão do prefeito Maguito Vilela”
(sic)
“Segurança
Pública, uma das prioridades na gestão do prefeito Maguito Vilela”
(Essa é de doer)
“Obras
sociais são prioridades no governo Maguito Vilela”
“No
governo Maguito Vilela a cidadania é valorizada” (Aonde, meu
Deus?)
“No
governo Maguito Vilela o cidadão é respeitado” (sem comentários)
“A
população de Aparecida agradece o empenho do pref. Maguito no
combate à dengue”
“População
de Aparecida se sente valorizada com o empenho do pref. Maguito”
“Maguito
e o dep. Ozair José, uma parceria que está dando certo” (De
fato, os dois são acusados pelo MP de, juntos, desviar dinheiro do
município para se autopromoverem)
“Obrigado,
prefeito Maguito Vilela, pelo atendimento das reivindicações do
Jardim Tiradentes e região”
“Prefeito
Maguito Vilela: Inovação, audácia e visão política, a população
de Aparecida apoia” (O povo pagou pra ler isso!)
Maguito Vilela mandou confeccionar mais de mil camisetas com as cores do PT e pagou
tudo com dinheiro desviado da prefeitura. Essa daí foi apreendida
pelo Ministério Público
Depois que confeccionava as
faixas promocionais da prefeitura Welber, o dono da Talentos,
convidava empresários amigos para “participar” das licitações
que ele já sabia ser o ganhador, a fim de maquiar as fraudes
Na campanha política de 2010,
Ozair José prestou contas no TRE com uma nota fiscal fria da
Talentos Artes Gráficas. O dono da empresa justifica o crime
eleitoral alegando que foi pressionado pelo vice-prefeito
você precisa conhecer quem é verdadeiramente Ozair Jose vice prefeito de aparecida de goiania face welber iglesias
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