7 de junho de 2020

Pseudopresidente sucateia Associação Paulista de Imprensa


Reeleito por meio de um estatuto fraudado, o advogado Sérgio Redó tenta se perpetuar no comando da Associação Paulista de Imprensa. Documentos e fotos denunciam que escorado no embuste o presidente fictício leva a entidade à bancarrota no campo estrutural, moral e financeiro.

A Associação Paulista de Imprensa (A.P.I.) atravessa a pior crise desde a sua fundação no dia 12 de maio de 1933. A instituição está subjugada a um presidente fictício, o advogado Sérgio de Azevedo Redó, cujo mandato venceu em 17 de novembro de 2012.

Ele usurpa o poder na A.P.I., porque foi reeleito graças as alterações estatutárias fraudulentas que patrocinou em nove de abril de 2012, quando faltava sete meses para terminar a sua gestão. O estatuto alterado não tem validade; não está registrado em cartório e não tem sequer ata lavrada.

A fraude é comprovada pelo 1º Oficial de Registro de Títulos e Documentos e Civil de Pessoa Jurídica da Comarca da cidade de São Paulo. Cópia de uma certidão expedida pelo órgão prova que são inválidas as reformas estatutárias promovidas pelo advogado Redó.

O único estatuto em vigor data de 20 de outubro de 2005 e está registrado em cartório sob o número 217.567. As falcatruas são reveladas na farta documentação obtida de diversas fontes e compilada em um dossiê de 153 páginas; que atesta, a Associação Paulista de Imprensa está sem comando. 

 


O silêncio como defesa


Conforme revela o dossiê em poder desta repórter, a única diretoria da A.P.I. eleita legalmente foi para o triênio 2009/2012, pois não logrou êxito a tentativa de Redó, de alterar o estatuto e esticar o mandato para quatro anos.

É escorado num regimento ilegal que o advogado, com o mandato vencido a mais de três anos, mantém o domínio na associação, e a usa para se autopromover, em detrimento dos interesses dos jornalistas de São Paulo.

Os reflexos do engodo são extremamente negativos para a imagem da instituição, a começar pela falta de estrutura da sede, que até o último dia 15 desse mês estava sem luz, sem água, sem telefone, cortados pela falta de pagamento; e não contava sequer com um funcionário para atender quem ali chegasse.

O único telefone de contato com a A.P.I. é o (11) 3105-5578, que pertence a um brechó instalado no prédio (?!). É uma linha econômica, atendida primeiro na entidade e, se for o caso, a ligação é repassada para o brechó. Esse telefone também estava cortado e só foi religado na 5ª feira passada, quando Redó cedeu as reclamações da proprietária e pagou a dívida.

Sérgio Redó preferiu não contestar as denúncias do dossiê, pois fez ouvidos de mercador quando interpelado, por whatsapp, se queria responder sobre as graves acusações contra a administração dele na A.P.I.. Também não atendeu e nem retornou os telefonemas feitos para o seu número de celular.

Despesas pessoais pagas

com verbas da entidade


Além de estar acéfala, a A.P.I. sofre a dilapidação de suas finanças, segundo demonstra o histórico da sua conta no Banco Itaú. Segundo fonte não oficial do Itaú, Redó mantém controle absoluto sobre o dinheiro que entra na conta corrente da instituição, incluindo as verbas das anuidades e dos aluguéis de salas do prédio da associação. 

Documentos e fotos contidos no dossiê revelam que Sérgio Redó estaria usando recursos financeiros da A.P.I. para pagar suas despesas particulares, a exemplo de compras em supermercados e contas de restaurantes.

Cópia de extrato de mesa do Restaurante La Tambouille, no bairro Itaim Bibi, revela que lá Redó contraiu dívida num valor que ultrapassa R$ 7.000,00 para a A.P.I. pagar.  Só a despesa com vinho, inclusive o italiano Chianti clássico, somou a terça parte desse valor.

A gastança no La Tambouille ocorreu no dia 21 de dezembro passado, quando deveria acontecer o tradicional almoço com a diretoria da A.P.I. Entretanto, além de um minguado número de privilegiados do seu staff, Redó aparece em fotos ao lado de pessoas estranhas a direção da entidade.

Os desvios de verbas estariam sendo facilitados também porque o Banco Itaú permite a Sérgio Redó movimentar a conta bancária da A.P.I. sem ele ter apresentado a Ata comprovando a eleição dos atuais nomes responsáveis pela presidência e tesouraria da entidade.

A movimentação bancária da associação deve ser assinada em conjunto pelo presidente e pelo tesoureiro. Se o Itaú exigisse a apresentação da Ata, que nunca foi lavrada, e nem registrada em cartório, descobriria que Sérgio Redó está se apropriando indevidamente do dinheiro da associação, onde é presidente fictício.

Ainda que tivesse conseguido aprovar o seu estatuto fraudulento, por ele também o advogado Redó não poderia continuar presidindo a A.P.I, pois estaria ferindo pelo menos quatro itens do artigo 24, que trata da exclusão do associado. 
               Lá prevê que será excluído da entidade o responsável por extravios de valores sociais ou promover o descrédito da Associação. Também pelo estatuto válido, Redó é passível dessa punição. A pena, prevista no item 2, do artigo 44, deve ser aplicada a quem incidir em falta que, por sua natureza e gravidade, o torne indigno de continuar no quadro associativo. 

 

 

  Prédio da A.P.I. abriga escritório político do PDT


imbróglio patrocinado por Sérgio Redó culminou na ruína da Associação Paulista de Imprensa, falência essa visível no campo financeiro, moral e estrutural. O prédio de 11 andares onde funciona a associação, na Rua Álvares Machado, 22, bairro Liberdade, está descaracterizado em seus objetivos; de abrigar em suas salas entidades ligadas a comunicação.

Reza o estatuto em vigor que a A.P.I. é apartidária, mas na era Redó o regimento legal foi pisoteado e o prédio abriga agora um escritório de partido político, o PDT; que tem o seu diretório municipal funcionando no sétimo andar.

O prédio da entidade, antes conhecido como “A casa do jornalista” mantém instalado ainda em suas dependências uma clínica de estética unissex e até um brechó. Banners informando sobre a existência dessas empresas ali estão na entrada do imóvel e no elevador, conforme prova as fotos incluídas no dossiê.

A clínica de estética unissex funciona no oitavo andar. No átrio do Auditório Paulo Zing, no primeiro andar, funciona o brechó. Segundo uma fonte, até o Auditório Paulo Zing, antes destinado a sediar eventos ligados a comunicação, estaria servindo de palco para as reuniões políticas do PDT.

Essas empresas, estranhas à área de comunicação, funcionam de maneira precária, pois a água do prédio está cortada há cerca de um ano. A Sabesp suspendeu o fornecimento depois que Redó não cumpriu os acordos feitos com a cessionária, preferindo fazer sucessivas ligações clandestinas. Os “gatos” foram descobertos e como ele insistia na religação pirata, a Sabesp cortou o fornecimento de água na rua, origem da adutora.

Sem água, houve períodos em que era impossível utilizar os sanitários, ou fazer limpeza, o que tornava o mau cheiro insuportável. O depósito de água localiza-se no porão e quando não há energia, não tem como bombear o líquido para a caixa, localizada na cobertura do edifício.
               A situação torna-se caótica e, curiosamente, Sérgio Redó não visita a sede nessas ocasiões. A água que abastece o prédio da A.P.I. está sendo comprada em carros pipa, pela inquilina que mantém a clínica de estética no oitavo andar.  

 

 

Redó quer censurar apianos

Dentre as aberrações contidas no estatuto ilegal – além de errar a data de fundação da A.P.I., os profissionais de imprensa são denominados de “forjadores” (falso, fingido, desleal, farsante, hipócrita, traidor, traiçoeiro...) dos elos que unem os povos –, está a tentativa de Sérgio Redó, de ressuscitar a censura para punir os jornalistas associados.

Conforme descrito no artigo 29, sob o título (Da Censura, do seu Processo e do Recurso), “Será censurado, por escrito, ou suspenso por até 90 dias o sócio...” – Redó trata os associados de sócio porque trata a A.P.I. como se sua empresa fosse, e de onde estaria obtendo excelentes lucros financeiros.

Além de penalidades como a de censura, suspensão e exclusão do associado, o advogado quis criar até um tribunal para julgar casos de associado infrator. “O Tribunal de Ética e Disciplina”, ou “TED da A.P.I.”, assim como a censura desejada por Redó só não vingou porque o regimento elaborado por ele jamais foi registrado em cartório.

O pseudopresidente adota uma política ditatorial e se esquece de que numa associação sem fins lucrativos, principalmente de imprensa, deve prevalecer o regime democrático.

     Como ensina o bem sucedido executivo Luís Fernando Vabo, numa associação, a hierarquia máxima está no todo, no conjunto completo dos integrantes, já que a assembléia dos associados está acima da estrutura organizacional, que é por ela estabelecida através do voto.