31 de março de 2023
7 de junho de 2020
Pseudopresidente sucateia Associação Paulista de Imprensa
Reeleito por meio de um estatuto fraudado, o advogado Sérgio Redó tenta se perpetuar no comando da Associação Paulista de Imprensa. Documentos e fotos denunciam que escorado no embuste o presidente fictício leva a entidade à bancarrota no campo estrutural, moral e financeiro.
A Associação Paulista de Imprensa (A.P.I.) atravessa a pior crise desde a sua fundação no dia 12 de maio de 1933. A instituição está subjugada a um presidente fictício, o advogado Sérgio de Azevedo Redó, cujo mandato venceu em 17 de novembro de 2012.
Ele usurpa o poder
na A.P.I., porque foi reeleito graças as alterações estatutárias fraudulentas que
patrocinou em nove de abril de 2012, quando faltava sete meses para terminar a
sua gestão. O estatuto alterado não tem validade; não está registrado em
cartório e não tem sequer ata lavrada.
A fraude é
comprovada pelo 1º Oficial de Registro de Títulos e Documentos e Civil de
Pessoa Jurídica da Comarca da cidade de São Paulo. Cópia de uma certidão
expedida pelo órgão prova que são inválidas as reformas estatutárias promovidas
pelo advogado Redó.
O único estatuto em
vigor data de 20 de outubro de 2005 e está registrado em cartório sob o número
217.567. As falcatruas são reveladas na farta documentação obtida de diversas
fontes e compilada em um dossiê de 153 páginas; que atesta, a Associação
Paulista de Imprensa está sem comando.
O silêncio como defesa
Conforme
revela o dossiê em poder desta repórter, a única
diretoria da A.P.I. eleita legalmente foi para o triênio 2009/2012, pois não
logrou êxito a tentativa de Redó, de alterar o estatuto e esticar o mandato
para quatro anos.
É
escorado num regimento ilegal que o advogado, com o mandato vencido a mais de
três anos, mantém o domínio na associação, e a usa para se autopromover, em
detrimento dos interesses dos jornalistas de São Paulo.
Os reflexos do
engodo são extremamente negativos para a imagem da instituição, a começar pela
falta de estrutura da sede, que até o último dia 15 desse mês estava sem luz,
sem água, sem telefone, cortados pela falta de pagamento; e não contava sequer
com um funcionário para atender quem ali chegasse.
O único telefone de
contato com a A.P.I. é o (11) 3105-5578, que pertence a um brechó instalado no
prédio (?!). É uma linha econômica, atendida primeiro na entidade e, se for o
caso, a ligação é repassada para o brechó. Esse telefone também estava cortado
e só foi religado na 5ª feira passada, quando Redó cedeu as reclamações da
proprietária e pagou a dívida.
Sérgio Redó preferiu não contestar as
denúncias do dossiê, pois fez ouvidos de mercador quando interpelado, por
whatsapp, se queria responder sobre as graves acusações contra a administração
dele na A.P.I.. Também não atendeu e nem retornou os telefonemas feitos para o
seu número de celular.
Despesas pessoais
pagas
com verbas da
entidade
Além de estar
acéfala, a A.P.I. sofre a dilapidação de suas finanças, segundo demonstra o
histórico da sua conta no Banco Itaú. Segundo fonte não oficial do Itaú, Redó
mantém controle absoluto sobre o dinheiro que entra na conta corrente da
instituição, incluindo as verbas das anuidades e dos aluguéis de salas do
prédio da associação.
Documentos e fotos
contidos no dossiê revelam que Sérgio Redó estaria usando recursos financeiros
da A.P.I. para pagar suas despesas particulares, a exemplo de compras em
supermercados e contas de restaurantes.
Cópia de extrato de
mesa do Restaurante La Tambouille, no bairro Itaim Bibi, revela que lá Redó
contraiu dívida num valor que ultrapassa R$ 7.000,00 para a A.P.I. pagar.
Só a despesa com vinho, inclusive o italiano Chianti clássico, somou a terça
parte desse valor.
A gastança no La
Tambouille ocorreu no dia 21 de dezembro passado, quando deveria acontecer o
tradicional almoço com a diretoria da A.P.I. Entretanto, além de um minguado
número de privilegiados do seu staff, Redó aparece em fotos ao lado de pessoas
estranhas a direção da entidade.
Os desvios de
verbas estariam sendo facilitados também porque o Banco Itaú permite a Sérgio
Redó movimentar a conta bancária da A.P.I. sem ele ter apresentado a Ata
comprovando a eleição dos atuais nomes responsáveis pela presidência e
tesouraria da entidade.
A movimentação
bancária da associação deve ser assinada em conjunto pelo presidente e pelo
tesoureiro. Se o Itaú exigisse a apresentação da Ata, que nunca foi lavrada, e
nem registrada em cartório, descobriria que Sérgio Redó está se apropriando
indevidamente do dinheiro da associação, onde é presidente fictício.
Ainda que tivesse
conseguido aprovar o seu estatuto fraudulento, por ele também o advogado Redó
não poderia continuar presidindo a A.P.I, pois estaria ferindo pelo menos
quatro itens do artigo 24, que trata da exclusão do associado.
Lá prevê que será excluído da entidade o
responsável por extravios de valores sociais ou promover o descrédito da
Associação. Também pelo estatuto válido, Redó é passível dessa punição. A pena,
prevista no item 2, do artigo 44, deve ser aplicada a quem incidir em falta
que, por sua natureza e gravidade, o torne indigno de continuar no quadro
associativo.
Prédio da A.P.I.
abriga escritório político do PDT
O imbróglio patrocinado por Sérgio Redó culminou
na ruína da Associação Paulista de Imprensa, falência essa visível no campo
financeiro, moral e estrutural. O prédio de 11 andares onde funciona a
associação, na Rua Álvares Machado, 22, bairro Liberdade, está descaracterizado
em seus objetivos; de abrigar em suas salas entidades ligadas a comunicação.
Reza o estatuto em
vigor que a A.P.I. é apartidária, mas na era Redó o regimento legal foi
pisoteado e o prédio abriga agora um escritório de partido político, o PDT; que
tem o seu diretório municipal funcionando no sétimo andar.
O prédio da
entidade, antes conhecido como “A casa do jornalista” mantém instalado ainda em
suas dependências uma clínica de estética unissex e até um brechó. Banners
informando sobre a existência dessas empresas ali estão na entrada do imóvel e
no elevador, conforme prova as fotos incluídas no dossiê.
A clínica de
estética unissex funciona no oitavo andar. No átrio do Auditório Paulo Zing, no
primeiro andar, funciona o brechó. Segundo uma fonte, até o Auditório Paulo Zing,
antes destinado a sediar eventos ligados a comunicação, estaria servindo de
palco para as reuniões políticas do PDT.
Essas empresas,
estranhas à área de comunicação, funcionam de maneira precária, pois a água do
prédio está cortada há cerca de um ano. A Sabesp suspendeu o fornecimento
depois que Redó não cumpriu os acordos feitos com a cessionária, preferindo
fazer sucessivas ligações clandestinas. Os “gatos” foram descobertos e como ele
insistia na religação pirata, a Sabesp cortou o fornecimento de água na rua,
origem da adutora.
Sem água, houve
períodos em que era impossível utilizar os sanitários, ou fazer limpeza, o que
tornava o mau cheiro insuportável. O depósito de água localiza-se no porão e
quando não há energia, não tem como bombear o líquido para a caixa, localizada
na cobertura do edifício.
A situação torna-se caótica e,
curiosamente, Sérgio Redó não visita a sede nessas ocasiões. A água que
abastece o prédio da A.P.I. está sendo comprada em carros pipa, pela inquilina
que mantém a clínica de estética no oitavo andar.
Redó
quer censurar apianos
Dentre
as aberrações contidas no estatuto ilegal – além de errar a data de fundação da
A.P.I., os profissionais de imprensa são denominados de “forjadores” (falso,
fingido, desleal, farsante, hipócrita, traidor, traiçoeiro...) dos elos que
unem os povos –, está a tentativa de Sérgio Redó, de ressuscitar a censura para
punir os jornalistas associados.
Conforme
descrito no artigo 29, sob o título (Da Censura, do seu Processo e do Recurso),
“Será censurado, por escrito, ou suspenso por até 90 dias o sócio...” – Redó
trata os associados de sócio porque trata a A.P.I. como se sua empresa fosse, e
de onde estaria obtendo excelentes lucros financeiros.
Além
de penalidades como a de censura, suspensão e exclusão do associado, o advogado
quis criar até um tribunal para julgar casos de associado infrator. “O Tribunal
de Ética e Disciplina”, ou “TED da A.P.I.”, assim como a censura desejada por
Redó só não vingou porque o regimento elaborado por ele jamais foi registrado
em cartório.
O
pseudopresidente adota uma política ditatorial e se esquece de que numa
associação sem fins lucrativos, principalmente de imprensa, deve prevalecer o
regime democrático.
Como ensina o bem sucedido executivo Luís Fernando Vabo, numa associação, a
hierarquia máxima está no todo, no conjunto completo dos integrantes, já que a
assembléia dos associados está acima da estrutura organizacional, que é por ela
estabelecida através do voto.