Há 38 anos o porto seguro de mulheres, crianças e adolescentes vítimas da violência familiar em Goiás o Cevam - Centro de Valorização da Mulher Consuelo Nasser depende do apoio premente da sociedade para não fechar as portas!
![]() |
O governador de Goiás Ronaldo Caiado e o presidente Jair Bolsonaro: o Cevam precisa de vocês (Foto: reprodução web) |
Eleito governador de Goiás por desfraldar
enfaticamente a bandeira do combate à criminalidade Ronaldo Caiado (DEM), peca
se esquecer de colocar na pauta o necessário reconhecimento do Estado ao trabalho
do Cevam – Centro de Valorização da Mulher Consuelo Nasser. Há quase quatro décadas a entidade é essencial
ponto de partida para as vítimas denunciar agressões – e agressores –; e interromper
o ciclo de violência.
Quando se tem a notícia que por falta de
dinheiro o Centro pode cessar o amparo à população feminina em situação de risco,
torna-se evidente a distância entre o discurso de campanha do Democrata e a
prática dele na área de segurança enquanto Governo Estadual. Se a instituição não
contar com o auxílio emergencial da sociedade poderá ter de fechar as portas.
O Cevam é referência em Goiás na missão
de receber, reabilitar e auxiliar mulheres, crianças e adolescentes vítimas da
violência doméstica, abuso
sexual e abandono. No setor da segurança pública o papel dele é uma estratégia
fundamental para o Governo interessado em traçar metas de combate à criminalidade
no âmbito domiciliar.
Apesar da promessa do titular da Secretaria
Estadual de Desenvolvimento Social (Seds) Marcos Ferreira Cabral à presidente da
instituição, Maria Cecília Machado, informando-lhe que Ronaldo Caiado daria atenção
especial às demandas sociais, o Cevam continua de pires na mão. Não passou dos
holofotes, até agora, o compromisso firmado pelo Governo por meio do secretário
da Seds.
Fundado em 1981 pela advogada e
jornalista Consuelo Nasser, o Cevam é uma Organização Não Governamental (ONG).
Apartidário e sem fins lucrativos, sobrevive de doações, mas depende também da intervenção
financeira do Estado, pois o Centro é indispensável na rede de enfrentamento à violação
dos direitos humanos de mulheres, crianças e adolescentes.
Uma ONG vital à vida
![]() |
Cleude está viva graças à ajuda do Cevam |
Cleudeana tem 38 anos, a idade do Cevam.
É uma mulher encantadora, de alma leve e coração aberto para a vida, mas ela
afirma, só está viva graças ao socorro que recebeu da instituição. Cleude, como
é tratada pelos amigos, sofreu 16 anos nas mãos do então companheiro.
Ela foi vítima de agressões verbais,
psicológicas e físicas durante os 16 anos de casamento. Fugiu para o Cevam com
os dois filhos menores de idade quando o companheiro tentou estrangula-la mais
uma vez. Vive feliz hoje com os filhos em casa que comprou financiada. “Se o
meu lar agora transborda amor, paz e harmonia essa mudança eu devo ao Cevem”,
comemora.
O Cevam implantou o programa Castelo dos
Sonhos e por meio dele recebe meninas vítimas de abuso e exploração sexual. São
inúmeros os casos de adolescentes martirizadas por estupro familiar e que carregam
no colo os seus filhos-irmãos, relata a presidente Maria Cecília, no cargo há
oito anos. “Uma criança de 10 anos me perguntou:_ Tia, quando eu casar o meu
marido vai saber o que meu pai fez comigo? Naquela hora eu perdi a fala”,
acrescenta.
Para continuar salvando das barbáries de
agressores centenas de mulheres, crianças e adolescentes o Cevam precisa da
ajuda da sociedade e da atenção especial do Governo de Goiás. Muitas vítimas
têm dificuldade em denunciar os abusos e a atuação do Centro é imprescindível
para quebrar o ciclo da criminalidade doméstica.
Apesar de todas as dificuldades a
presidente Maria Cecília e a diretora e conselheira Dolly Soares lutam, ao lado
de colaboradores, para construir mais uma sede do Cevam em Aparecida de
Goiânia. O município registra alto índice de violência, principalmente contra a
mulher e a população infanto-juvenil, mas está à mercê da sorte.
Parcerias pelo bem das Mulheres
![]() |
Dolly e Cecília do Cevam tentam socorro com Marcos Cabral |
Basta uma rápida olhada nos jornais
impressos ou televisivos para tomar conhecimento que a segurança pública em
Goiás tornou-se um problema crônico há muitos anos. O cidadão trabalhador está
refém da marginalidade e a situação piora para mulheres, crianças e
adolescentes à mercê de agressores.
A presidente do Cevam sintetiza o Raio-X
da violência contra a população feminina quando declara “Goiás é o segundo
Estado que mais mata suas mulheres e Goiânia é a quinta capital com mais
homicídios. O holocausto é aqui!”. Ela é ativista do Movimento de Mulheres e
conselheira da Casa Anália Franco.
Para Maria Cecília, com 20 anos de
trabalho prestado na área social, a segurança pública não se faz só com
armamentos e o Governo precisa investir mais em educação, cultura, esporte,
lazer. Ela acrescenta, faz-se urgente tirar do papel e fazer valer de forma
eficaz a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) e o Estatuto da Criança e do
adolescente (Lei nº 8.069/90).
Em mais uma tentativa de manter as
portas do Cevam abertas, um encontro beneficente no Cerrado Restaurante há alguns
meses reuniu vários artistas como os cantores Maíra Lemos, Nila Branco, Everson
Cândido. Juraildes da Cruz, dentre outros, quando foi servida uma feijoada e a
renda revertida para ajudar a entidade.
O
Estado depende do Cevam
Nenhum comentário:
Postar um comentário